Eunício critica falta de diálogo na Câmara e se coloca como alternativa para sucessão de Lira
O emedebista, que preside a sigla no Estado, voltou a exercer mandato de deputado federal no ano passado após mais de dez anos
De olho na eleição interna da Câmara dos Deputados, Eunício Oliveira (MDB) criticou o que definiu como ausência de diálogo na Casa e se colocou como alternativa para a sucessão do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP). O deputado federal cearense ainda criticou o “erro político” do presidente Lula (PT) de apoiar a eleição do atual presidente da Câmara para o cargo no ano passado.
O parlamentar concedeu entrevista à live PontoPoder nesta quinta-feira (29). Na conversa com o editor de Política do Diário do Nordeste, Wagner Mendes, e com o repórter Igor Cavalcante, ele fez um diagnóstico do Legislativo federal.
O emedebista, que preside a sigla no Estado, voltou a exercer mandato de deputado federal no ano passado após mais de dez anos. Nesse meio tempo, ele foi eleito para o Senado Federal e presidiu o Congresso Nacional. Em 2018, Eunício disputou a reeleição como senador, mas ficou em terceiro lugar no Ceará.
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De volta à Câmara após mais de uma década, o cearense disse que encontrou um cenário muito diferente.
“Voltei para a Câmara e discordo do processo que está acontecendo no plenário. Não temos um debate efetivo, de segunda a sexta é pelo telefone celular, não temos pautas previamente discutidas, não temos mesa de líderes, onde os parlamentares mais antigos em termos de experiência possam participar, a pauta é fechada na residência oficial do presidente da Câmara, não há uma relação interpessoal de conversa mesmo fora do plenário”
Diante da insatisfação, o parlamentar defendeu que o comando da Câmara passe para alguém que “pense no chão da Casa”. “Alguém que pense no plenário para fazer relacionamentos, debates, trocas de ideias, peça informações e dê informações, isso é inerente ao parlamento. O Infoleg (sistema digital da Câmara) teve um papel importante na pandemia, mas se perpetuou e a Casa está esvaziada, é preciso de alguém que queira que o chão da Casa participe do debate”, defendeu.
Segundo Eunício, sua pré-candidatura à presidência do Legislativo será analisada futuramente, já que o pleito ocorrerá somente em 2025, mas ele se coloca à disposição.
“Não posso ser candidato de mim mesmo, mas é uma construção natural, o chão da casa está ansioso por alguém que o represente”, ressaltou.
Erro do Executivo
Na entrevista, o presidente do MDB no Ceará ainda defendeu que o Executivo Federal apoie uma candidatura diferente da articulada por Lira e pelo centrão.
“Cabe ao Executivo pensar que ele precisa ter paz para governar”, defendeu. Ele ainda chamou de “erro político” o apoio da base governista à eleição do atual presidente da Casa no ano passado.
“O centrão e a direita se juntaram e fizeram uma pressão muito forte quando o presidente Lula ganhou as eleições, então o presidente errou politicamente naquele momento na tomada de decisão”, disse.
“Era para o presidente ter lançado uma candidatura (...) porque teria consolidado uma base de 240 ou 230, mesmo que perdesse a eleição. Então, cada vez que tem uma matéria importante, o presidente tem que entregar mais um ministério, a Caixa, o Dnocs, a Codevasf, o ministério A, B, C, D e E, além da submissão a um orçamento que está totalmente impositivo, onde o governo não tem margem porque o esse poder foi delegado a um adversário político”
