Eleições 2024 e críticas a Rosa Weber e governo Lula: a visita de Jair e Michele Bolsonaro ao Ceará
A defesa de pautas conservadoras como a criminalização do aborto e a 'defesa da família' também foram destacadas durante evento em Fortaleza
As falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) em Fortaleza, neste sábado (30), foram marcadas por críticas ao Governo Lula e exaltação de iniciativas adotadas durante a gestão anterior. Apesar disso, Bolsonaro reforçou que a derrota em 2022 é "página virada" e disse que o foco agora são as eleições de 2024 e 2026.
Foram feitas ainda críticas a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que antes de se aposentar na Corte, apresentou voto em favor da legalização do aborto no país. O posicionamento de Weber foi chamado de "legado de morte" por Michelle Bolsonaro.
Esta é a primeira vinda do casal ao Ceará após a derrota de Bolsonaro nas urnas em 2022, quando concorreu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles participaram de encontro estadual do PL Mulher. Após o encerramento do evento, a previsão é de que sigam direto para o aeroporto, para retornar a Brasília.
Estiveram presentes os deputados federais Dr. Jaziel (PL), André Fernandes (PL) e Priscila Costa (PL), os deputados estaduais Dra. Silvana (PL), Carmelo Neto (PL),
Alcides Fernandes (PL) e Marta Gonçalves (PL), além do prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves (PL), presidente do PL Ceará, e o vice-prefeito de Caucaia, Deuzinho Filho (União).
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Bolsonaro e Michelle chegaram a Fortaleza nesta sexta-feira (29). Enquanto a ex-primeira-dama de reuniu com lideranças femininas do PL, Bolsonaro se reuniu com aliados para almoço e participou de evento no "QG da Direita", comitê do deputado federal André Fernandes (PL).
O ex-presidente também esteve, durante a noite da sexta, em shopping de Fortaleza, comendo uma pizza, onde encontrou apoiadores.
Eleições
Durante o discurso, Bolsonaro evitou falar sobre a disputa de 2022, quando não obteve a reeleição para a presidência da República. Sem citar Lula, ele fez comparações entre a própria gestão e o atual governo federal — a quem se referiu como "outro lado". Michelle Bolsonaro foi mais enfática ao criticar o atual governo, a quem chamou de "mentiroso" e "descarado". Ela citou a paralisação de iniciativas adotadas por ela durante o Governo Bolsonaro, principalmente relacionadas a comunidade surda.
Ele citou a criação do Pix e a inauguração da Transposição do Rio São Francisco como alguns dos legados que o próprio mandato como presidente deixou. Ao citar as críticas de que 80% das obras foram realizadas por gestões anteriores, ele disse que a maior parte da construção estava deteriorada.
O ex-presidente aproveitou ainda para falar sobre os nordestinos. "Ouso dizer que o Nordeste é a região que sou melhor recebido no Brasil", disse. Em 2022, todos os estados da região concederam a vitória eleitoral ao então adversário de Bolsonaro, o presidente Lula.
"Nós entregamos, lamentavelmente, o Brasil em situação bem melhor do que recebi em 2019", alegou o ex-presidente. "Mesmo com problemas, como a questão da Covid, uma guerra lá fora, uma crise hídrica no Brasil, como nos comportamos. Ao longo do nosso mandato, criamos muita coisa que favoreceu todos vocês".
Ele criticou ainda a economia do País na atual gestão e comparou o número de ministérios de Estado — eram 23 durante o Governo Bolsonaro, sendo 38 no Governo Lula. "O outro lado diz que é do amor da boca pra fora, nós trabalhamos de verdade pelo nosso Brasil", disse.
Apesar de ressaltar que considera as eleições do ano passado uma "página virada", Bolsonaro disse que "um dia, a verdade de 2022 virá à tona". Em outras ocasiões, o ex-presidente fez denúncias de supostas fraudes das urnas eletrônicas e da própria eleição.
"Agora, eu considero ano passado uma página virada. Nós temos pela frente 2024, 2026, outros momentos para tratar de política. (...) Temos que focar no futuro do nosso Brasil", acrescentou.
Leis 'para proteger maiorias'
O ex-presidente disse ainda que o bolsonarismo mostrou "o que é ser de direita, conservador e patriota". Ele ressaltou que a maioria do povo brasileiro "é cristão". "Isso tem que ser respeitado. As leis têm que ser para proteger essas maiorias", alegou.
Ele citou ainda pautas que devem ser defendidas pelos apoiadores, como a "sagrada família, o respeito às crianças, (...) a liberdade", além da "propriedade privada" e do "legítimo direito a defesa".
Ao longo do discurso de Michelle Bolsonaro e de parlamentares do PL no Ceará, as pautas de costumes e bandeiras ligadas a bancada religiosa tiveram destaque.
Um dos temas falados foi o recente posicionamento da ex-ministra Rosa Weber a favor da descriminalização do aborto no País. Este foi o último voto da jurista antes da aposentadoria da Corte.
Deputada federal em exercício e vereadora de Fortaleza, Priscila Costa criticou a decisão da agora ex-ministra e ressaltou a luta dela "em favor da vida". Na sequência, Michelle Bolsonaro aproveitou para fazer críticas ao posicionamento de Weber.
"Um legado de morte que a ex-juíza deixou para o nosso Brasil, mas continuaremos lutando contra ela", disse. A ex-primeira-dama, mostrou ao público um boneco de plástico, que representaria o feto nas 12 primeiras semanas. "Não ao aborto e sim a vida", disse.
Incentivo a participação feminina
Durante os discursos, também houve incentivo a participação das mulheres nas eleições de 2024, como candidatas aos cargos de prefeita ou de vereadora. Michelle aproveitou para afastar possíveis críticas ao fato de Bolsonaro discursar no evento: "não estamos disputando com os homens".
O ex-presidente foi o único homem a falar no encontro estadual do PL Mulher. Ele foi a última autoridade a chegar ao evento, durante o discurso de Michelle Bolsonaro. Logo após a fala da esposa, ele discursou para o público.
Durante a fala dele, Bolsonaro ressaltou a importância da participação feminina "não por questão de cotas, mas por vontade de participar da política pelo bem do seu município, do seu estado e do país". "Ano que vem teremos eleições municipais, vocês mulheres tem que buscar espaço para melhor atender o nosso país pela via política que é a única que existe", completou.
O incentivo a candidaturas das mulheres presentes também foi um dos focos no discurso da ex-primeira-dama. "Nós não precisamos ser feministas para ocupar espaços de decisão, nós não precisamos ser feministas para trabalhar fora e ter o nosso dinheiro, nós estamos aqui pelo bem comum, mulheres de bem que amam suas famílias, que se colocam no lugar de outras mulheres, que têm a empatia e sente o desejo de ajudar", disse.