Vice de Bolsonaro, Braga Netto é militar da reserva; conheça trajetória
Filiado ao PL, o político também exerceu os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa no primeiro mandato de Jair Bolsonaro
General da reserva do Exército Brasileiro, Braga Netto (PL) é o candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição para o Palácio do Planalto.
Com mais de quatro décadas de atuação nas Forças Armadas, Braga Netto adiantou a aposentadoria para integrar o 1º escalão do Governo Bolsonaro. Ele ocupou os cargos de ministro da Casa Civil e da Defesa ao longo deste primeiro mandato do atual mandatário.
Veja também
Chamado de "vice dos sonhos" por Bolsonaro, Braga Netto teve a candidatura a vice anunciada em junho e atua como um dos coordenadores da campanha à reeleição do atual presidente.
Quem é Braga Netto?
Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Walter Souza Braga Netto nasceu no dia 11 de março de 1956.
Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras – mesma instituição onde o presidente Jair Bolsonaro é formado. O fato de virem da mesma academia das Forças Armadas já foi, inclusive, ressaltado pelo presidente como uma das semelhanças entre os dois.
Foi alçado a General do Exército em 2009, ponto mais alto da hierarquia das Forças Armadas. Passou à reserva em 2019, quando foi convidado para o Ministério da Casa Civil, por indicação do General Luiz Eduardo Ramos, na época ministro da Secretaria de Governo.
Braga Netto substituiu Ônix Lorenzoni, que foi para o comando da pasta de Desenvolvimento Regional. Em 2020, foi nomeado para comandar o comitê de crise do governo para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
O objetivo era concentrar as ações do Palácio do Planalto no comitê e diminuir o protagonismo do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na época, Mandetta vinha tomando decisões e tendo posicionamentos divergentes ao do presidente Bolsonaro.
O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a abrir procedimento para apurar a conduta de Braga Netto, apontando indícios de "graves omissões" na condução feita por ele.
A Casa Civil não foi o único ministério comandado pelo agora candidato a vice-presidente. Em 2021, ele passou ao comando do Ministério da Defesa. Já neste ano, antes de deixar o governo para concorrer na disputa eleitoral, ele atuou como assessor especial da presidência da República.
Foi anunciado como candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em junho. Desde então, atua na coordenação da campanha para reeleição do atual presidente.
Relação com Mourão
Essa é a primeira vez, desde a redemocratização, que o presidente que tenta a reeleição modifica o candidato a vice. Tanto Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) mantiveram o mesmo vice na disputa pelos dois mandatos.
Braga Netto possui semelhanças com o atual vice-presidente e senador eleito, Hamilton Mourão (Republicanos). Além de ambos serem oficiais da reserva das Forças Armadas, eles também tiveram uma atuação próxima da Amazônia.
Entre 1997 e 1999, Braga Netto atuou como assessor da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, na estruturação e implantação do Sistema de Proteção da Amazônia. Ele também cursou o Curso de Guerra na Selva, do Exército.
Ao contrário de Mourão, contudo, Braga Netto é o 'homem de confiança' do presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, a escolha pelo atual vice-presidente ocorreu em meio a dificuldades de encontrar alguém para o cargo. O escolhido acabou sendo alguém que não era tão próximo do atual presidente. Ao longo do mandato, Mourão também colecionou desavenças, inclusive públicas, com Bolsonaro.
Na época em que Braga Netto foi anunciado como candidato a vice-presidente, Mourão afirmou que não se sentia chateado. "Não me sinto chateado. O presidente tem o livre arbítrio de escolher quem ele acha mais apropriado para o projeto de reeleição", disse ainda em junho.
Como foi a carreira do general Braga Netto?
Braga Netto ingressou no curso de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1975. Formado na turma de 1978, ele tornou-se aspirante a oficial do Exército.
Também passou pela Escola de Educação Física do Exército em 1981 e pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 1988. Também concluiu a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) entre 1993 e 1994.
Foi alçado ao cargo de General do Exército, posto mais alto da hierarquia das Forças Armadas, em 2009.
Ainda no Exército, ocupou alguns postos-chave no Brasil e no exterior. Em 2011, por exemplo, foi designado como adido de defesa junto à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Em 2013, foi designado como secretário de segurança presidencial e chefe da Casa Militar da Presidência da República, durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Também foi coordenador-geral da assessoria especial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, que aconteceram em 2016.
Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, foi nomeado interventor da segurança pública no Rio de Janeiro, cargo que detinha responsabilidade pelas polícias civil, militar e pelos bombeiros da capital carioca.
Braga Netto, inclusive, já tinha atuado antes na cidade. Ele ficou em evidência ao participar da ocupação do Complexo da Maré feita pelo Exército entre 2014 e 2015. Também comandou a 3ª Divisão do Exército e o Estado-Maior do Exército (EME).
Passou à reserva do Exército no início do Governo Bolsonaro, quando foi convidado para chefiar a Casa Civil. Ele se filiou pela primeira vez em 2022, para concorrer ao cargo de vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, integrando o PL, mesmo partido do atual presidente.
Vice-presidente de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro anunciou Braga Netto como candidato a vice-presidente em junho. A decisão desagradou a ala política do Governo, mais ligada aos partidos do Centrão. Na época, era defendido o nome da ex-ministra de Agricultura, Teresa Cristina, para integrar a chapa na disputa presidencial.
Essa é a primeira vez que um presidente tenta a reeleição em uma chapa pura, ou seja, em que tanto o candidato à presidência como o candidato a vice são do mesmo partido. No caso de Bolsonaro e Braga Netto, ambos são filiados ao PL.
Nos bastidores, circulava a informação de que Bolsonaro tinha receio de aceitar um candidato a vice ligado ao Centrão por temer uma tentativa de retirá-lo do cargo, caso seja eleito para o segundo mandato.
“O vice é aquela pessoa que está ao seu lado nos momentos difíceis. O vice não pode ser aquela pessoa que conspire contra você. O vice é a solução do problema. E eu escolhi, sim, um general do Exército brasileiro que vocês conhecem muito bem por ocasião da intervenção aqui no Rio de Janeiro”.
Antes mesmo da escolha, Bolsonaro já se referia a Braga Netto como "vice dos sonhos". O general é conhecido pelo forte alinhamento com Bolsonaro e por ter um perfil mais modesto.
No dia do lançamento da chapa, em julho, ele afirmou que público havia ido "mais para ver o presidente do que eu". "O vice tem que ficar quieto", completou.
Braga Netto também é um dos coordenadores do comitê da campanha pela reeleição do atual presidente. Entre as áreas em que está envolvido está a formulação do plano de governo e a área de comunicação.