Legislativo Judiciário Executivo

CPI da Covid-19 vai reapresentar convocação de motoboy liberado pelo STF

Ivanildo Gonçalves da Silva sacou mais de R$ 4,7 milhões para empresa alvo dos parlamentares

Escrito por Diário do Nordeste, Estadão Conteúdo e Agência Senado ,
Parlamentares reunidos em bancadas em recinto onde a CPI da Covid é realizada
Legenda: Reunião desta terça-feira tem votação de requerimentos e discussão das apurações
Foto: Pedro França/Agência Senado

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid-19 no Senado Federal, informou, nesta terça-feira (31), que reapresentará requerimento de convocação do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva.

A participação do depoente, agendada para esta terça, foi cancelada após o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder-lhe o direito de não comparecer à sua oitiva.

Conforme informações que embasaram a convocação, o depoente seria responsável por distribuir pagamentos de empresa alvo da Comissão. Segundo o portal G1, o motoboy sacou mais cerca de R$ 4,7 milhões em dinheiro para a empresa, conforme relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Além disso, o documento indica que a empresa teria movimentado R$ 117 milhões "de forma suspeita" nos últimos dois anos. A cúpula da Comissão tentou ouvir a CEO da VTC Log, Andréia Lima, no lugar dele, porém a presença dela não foi confirmada.

O senador amapaense afirmou que a CPI não pode encerrar os trabalhos sem ouvir pessoas que, de acordo com ele, estariam ligadas a contratos do Ministério da Saúde com a VTC Operadora Logística (VTCLog), os quais precisam ser esclarecidos.

Empresa defendeu decisão do STF

Em nota, a empresa VTC Log afirmou que a decisão do ministro da Corte "reforça o papel" do motoboy apenas em atos administrativos da empresa, "não desempenhando, dessa forma, nenhuma função que possa colaborar com as investigações da CPI da Covid-19".

"O mesmo [motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva] apenas realiza serviços de deslocamento, incluindo diligências bancárias, atos que são necessários à administração da empresa, não desempenhando, dessa forma, nenhuma função que possa colaborar com as investigações da CPI da Covid-19", diz o texto.

A companhia indicou ainda que a CEO da empresa "está à disposição" para contribuir com os trabalhos dos parlamentares, mas não poderia comparecer ao Senado nesta terça "devido à agenda prévia de viagem relacionada a logística de distribuição das vacinas".

Convocação tardia

Ainda conforme a empresa, o recebimento da convocação específica foi feito após as 22h dessa segunda (30), às vésperas de "tarefas inadiáveis" em São Paulo (SP). "Andréia Lima tem pleno respeito aos trabalhos da CPI, de modo que sempre esteve e está à disposição de convocação prévia que observe o prazo regimental que se aplica a todo e qualquer cidadão."

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O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, afirmou que a CEO da VTCLog justificara que não poderia comparecer à CPI hoje por estar em Guarulhos (SP), despachando vacinas para o País.

Outros requerimentos

Randolfe Rodrigues apontou ainda que apresentará requerimento para que lavio Loureiro de Souza, que teria influência nos contratos, assim como os sócios da empresa, Raimundo Nonato Brasil e Teresa Sá, sejam ouvidos pela CPI. O parlamentar ainda defende pedidos de quebra de sigilos telefônico, fiscal e telemático dessas pessoas.

Além disso, o senador sugeriu que a entrega do relatório de Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI fosse adiada. O documento tem previsão de entrega para a semana de 21 de setembro.

"Diante do claro flagrante de desobediência da VTCLog a esta CPI, acredito que não será possível entregar o relatório final sem antes ouvirmos esses dirigentes", destacou.

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