Legislativo Judiciário Executivo

Cid Gomes dá detalhes das razões pelas quais se ausentou da campanha de 2022

Segundo Cid, Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (ex-PDT) foram avisados da decisão

Escrito por Ingrid Campos , ingrid.campos@svm.com.br
Cid Gomes, PDT
Legenda: Para Cid, a retomada da relação com o PT e outros aliados antigos é importante para as eleições de 2024 em Fortaleza.
Foto: Ismael Soares

Diante do impasse vivido pelo PDT na escolha do candidato ao Governo do Estado, em 2022, Cid Gomes resolveu se isentar das tratativas para evitar brigas com o irmão Ciro, que buscava a presidência da República. Segundo Cid, Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (ex-PDT) foram avisados da decisão.

Na sexta-feira (20), em entrevista à live do PontoPoder, do Diário do Nordeste, o senador detalhou o processo de decisão naquele momento.

Camilo é um dos principais articuladores do PT e, portanto, responsável pela palavra final sobre o rompimento com o PDT, cujos efeitos são sentidos até hoje. Izolda, à época governadora, era a pré-candidata à reeleição apoiada por Cid, mas acabou derrotada nas prévias pedetistas.

"Isso não foi feito sem um prévio aviso, eu falei com a Izolda e com o Camilo que discordava daquela postura que o PDT estava tomando, mas que não podia brigar com meu irmão. Eu não tenho bola de cristal, mas imaginava mais ou menos parecido com o que aconteceu", completou o senador, em referência à escolha de Roberto Cláudio para a disputa.

"Na época, eu fiquei numa sinuca de bico porque eu tinha só duas alternativas: eu mergulhava ou, de alguma forma, me afastava do processo porque eu era contra o encaminhamento que estava sendo dado. Quem liderava esse encaminhamento era o meu irmão, e eu não queria brigar com ele, que sempre foi minha referência, meu exemplo", afirmou.

O senador ainda reconhece que o conflito iniciado à época desencadeou um clima de crescente hostilidade na legenda, observado, sobretudo, na disputa pela Executiva estadual.

Aliado estratégico

Para Cid, a retomada da relação com o PT e outros aliados antigos é importante para as eleições de 2024 em Fortaleza. Ele defende que a sigla de Camilo apoie um candidato do PDT na Capital, a fim de evitar uma hegemonia petista, que já tem o Planalto e o Governo do Estado.

"Se depender só do diretório municipal do PT e do PDT, cada um tem um candidato, os dois vão se digladiar, um vai escolher o outro pra ser o principal adversário. Defendo que com mais razoabilidade, nacional e estadualmente, nós possamos fazer ver que Fortaleza é uma cidade estratégica", disse.

Cid se arrepende 

Para o senador, não valeu a pena se isentar do processo de escolha do candidato em 2022. Primeiro que a briga com Ciro foi inevitável e os dois não conversam desde agosto de 2022. Segundo que o distanciamento prejudicou até mesmo a campanha pedetista ao Planalto, avalia Cid. 

"Eu jamais desejaria brigar com o Ciro, mas ele brigou comigo. Eu fiz tudo e, para mim, foi um grande sacrifício, não tenha dúvida disso. (...) E tive que me abster daquela eleição, que era importante. Então, se eu soubesse que a consequência ia ser essa, eu teria tomado partido, mesmo que isso significasse brigar com o Ciro", afirmou o senador, ao ser questionado se agiria diferente, sabendo das consequências da crise política nas eleições de 2022.

"Eu acho que o resultado seria diferente, inclusive para ele. Todas as outras vezes em que o Ciro foi candidato a presidente, mesmo ele tendo sido terceiro e até quarto lugar no Brasil, no Ceará, ele foi o primeiro. À frente de todas as campanhas dele no passado, estava eu", acrescentou.

Entrevista com o senador Cid Gomes

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