Não é a primeira vez que Camilo se recusa a participar de evento com Bolsonaro na pandemia; relembre

Nas duas passagens do presidente pelo Ceará, o Estado estava sob decretos que estabeleciam medidas de distanciamento social. Possíveis aglomerações na pandemia são um "grave equívoco", segundo o governador

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Legenda: Através de redes sociais nesta quinta (25), Camilo disse considerar “um grave equívoco” a agenda presidencial, que prevê assinaturas de três ordens de serviço.
Foto: Camila Lima

Justificando o risco de possível aglomeração com a passagem do presidente Jair Bolsonaro pelo Ceará, o governador Camilo Santana (PT), mais uma vez, não encontrará o chefe do Palácio do Planalto durante visita ao Estado nesta sexta-feira (26). A postura do governador não é inédita.

Através de redes sociais, nesta quinta-feira (25), Camilo disse considerar “um grave equívoco” a possibilidade de aglomerações durante a pandemia. No caso, esse risco teria o cenário da agenda presidencial, que prevê assinaturas de três ordens de serviço para obras em estradas federais. O Ceará adotou, recentemente, medidas mais rígidas como toque de recolher para combater a Covid-19.  

“[...] não estarei presente a qualquer desses eventos, diante da real possibilidade de muitas aglomerações, algo frontalmente contrário à gravíssima crise sanitária que vivemos neste momento, com o aumento preocupante de casos e óbitos. Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco”, publicou Camilo.  

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Recusa

Não é a primeira vez que o governador deixa de comparecer a uma visita do presidente. Em junho do ano passado, já durante um decreto que determinava distanciamento social por conta da pandemia, Bolsonaro e uma comitiva formada por ministros e deputados foi até a cidade de Penaforte, no Cariri, para inauguração de um trecho da Transposição do Rio São Francisco. Antes disso, Bolsonaro só havia passado pelo estado na condição de candidato a presidente.  

“Só após superarmos este grave momento de pandemia, que já atingiu mais de cem mil irmãos e irmãs cearenses, deverei voltar ao local da transposição, para ver de perto as águas do São Francisco já no nosso Cinturão das Águas, por onde seguirão para garantir segurança hídrica para a população cearense", disse o governador um dia antes da visita, também através de redes sociais. 

A informação da visita presidencial começou a circular ainda na semana passada. Inicialmente, foi confirmada apenas a vinda do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura.  

Deputados federais próximos ao presidente, no entanto, já indicavam que, mesmo sem a confirmação do Palácio do Planalto, o presidente deveria estar presente na comitiva.  

Até o final de fevereiro, o Ceará estará sob efeito de decreto que estabelece o distanciamento social e toque de recolher para conter o avanço da pandemia. É comum que eventos com a presença do presidente da República tenham atos de aglomeração. 

Agenda 

A cidade de Tianguá, na região da Serra da Ibiapaba, será o primeiro destino do presidente. Ele deve participar da cerimônia de assinatura de três ordens de serviços para obras em rodovias federais no Estado, que ocorrerá no Polo de Lazer Regis Diniz. 

O ministro Tarcísio Gomes de Freitas, e o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Santos Filho, também estarão presentes. 

Após a cerimônia, a comitiva deve seguir para vistoriar as obras de duplicação da BR-222, no trecho que liga o município de Caucaia ao Porto do Pecém.  

Deputados federais, prefeito e apoiadores do presidente devem participar de todas as solenidades Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estão sendo deslocados para reforçar a segurança. A Polícia Federal (PF) e o Exército também devem dar apoio. 

Obras 

Entre as obras que terão ordem assinada, está a da Travessia Urbana de Tianguá, que engloba a duplicação de seis quilômetros da BR-222. O trecho é responsável por ligar Tianguá a Fortaleza, ao Piauí, ao Maranhão e a estados da região Norte do País. Ao todo, o investimento é de R$ 66,1 milhões. 

Ainda na BR-222 será retomada a execução das obras remanescentes de restauração e melhoramentos do trecho compreendido entre o km 64,3 e o km 122,8 da rodovia, com a instalação de variantes na cidade de Umirim ao distrito de Frios. 

O terceiro termo de serviço compreende obras remanescentes na BR-116 para a conclusão do viaduto que dá acesso ao município de Horizonte, orçado em R$ 5,2 milhões.  

  

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