CPI dos grupos de extermínio toma três novos depoimentos

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Redação producaodiario@svm.com.br
A CPI da Assembléia Legislativa que apura as atividades de grupos de extermínio no Ceará tomou ontem, a portas fechadas, os depoimentos da empresária Elisa Gradvohl, do diretor de exportações da Compescal, Vicente Gomes, e do delegado da Polícia Civil, Ronaldo Bastos. A CPI aprovou solicitação ao Ministério Público Federal para que peça a prisão do norte-americano Marcial (Mike) Gerald Layani para impedir que ele deixe o País. O norte-americano mora na cidade de Santos, no Estado de São Paulo, segundo informações chegadas à Comissão.

A empresária Elisa Gradvohl, segundo Paulo Duarte, reconheceu para os membros da CPI que foi uma das signatárias de um documento contendo um pacto, proposto pelo empresário lagosteiro Cláudio Augusto Kmentt Bezerra, assassinado, para exportar lagosta miúda. Segundo o deputado Paulo Duarte, esse pacto diz que se alguém fosse preso ou processado não entregaria o outro. Outros cinco empresários assinaram o documento, inclusive o segundo depoente da tarde de ontem, Vicente Gomes, da Compescal.

GOLPE - O documento surgiu, segundo o relator da CPI, deputado Paulo Duarte, depois da morte de Cláudio Augusto, nas mãos de uma senhora, argentina, com quem o empresário teve um romance. Conforme Paulo Duarte, o Ministério Público apurou que o Cláudio Augusto teria sido escolhido pelo grupo de empresários para ser o testa de ferro de todo eles no negócio da exportação da lagosta miúda e dividir o dinheiro da venda. O erro de Cláudio Augusto, diz o relator da CPI, foi ter tentado dar um golpe e ficar com seis milhões de dólares.

A empresária Elisa Gradvohl disse para os membros da CPI que o grande erro dela (um ato impensado) foi ter assinado o documento. Mas assinou com um único objetivo de, como presidente dos empresários exportadores de pesca e lagosta do Ceará, tentar descobrir como se fazia o contrabando da lagosta miúda.

Disse o relator que a depoente disse sempre ter batalhado pela proibição da pesca da lagosta miúda. Foi através do trabalho dela que foi criada em 2004 uma portaria do Ibama aumentando de 11 para 13 centímetros o tamanho mínimo da lagosta livre para captura. Só que uma semana depois, por pressões políticas, a portaria foi revogada.

Outra informação dada pela empresária Elisa Gradvohl, segundo Duarte, foi que o contrabando da lagosta miúda não sai pelo Ceará por causa da fiscalização, ainda que precária. A exportação se dá pelos portos da Bahia, Pernambuco e Vitória do Espírito Santos.

PRISÃO - Pelos indícios da participação do norte-americano Mike Layani nos crimes apurados pela CPI do Extermínio, a CPI resolveu pedir que a Procuradoria da República peça a prisão dele para que evitando a saída dele do País os trabalhos serão prejudicados, ´pois o seu depoimento nesta Casa Parlamentar será imprescindível para elucidação dos fatos apurados´.