CPI da Covid-19 aprova convocação de Osmar Terra e auditor afastado do TCU

Senadores desejam esclarecer a existência do gabinete paralelo e o relatório com dados incorretos da pandemia

Escrito por Diário do Nordeste, Raquel Lopes e Renato Machado/Folhapress ,
Osmar Terra
Legenda: Terra já defendeu publicamente a tese da imunidade de rebanho
Foto: PR

A CPI da Covid-19 decidiu, nesta quarta-feira (9), convocar o deputado Osmar Terra (MDB-RS). O político deve esclarecer a existência do chamado "gabinete paralelo", que seria responsável por orientar o presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia sem, necessariamente, seguir critérios científicos, e fora do Ministério da Saúde.    

Ao todo, 19 requerimentos solicitaram a oitiva com o deputado, que é médico e considerado um dos principais conselheiros de Bolsonaro para temas de saúde. Terra já defendeu publicamente a tese da imunidade de rebanho.  

Na semana passada, em vídeos obtidos pelo jornal Metrópoles, é possível ver Osmar Terra participando de reunião do gabinete em setembro de 2020.  

Além do político, os senadores também aprovaram a convocação do servidor afastado do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Ele é apontado como autor de um relatório paralelo que tenta demonstrar que o número de óbitos atribuídos ao novo coronavírus estava inflado. 

Servidor do TCU
Legenda: No domingo (6), Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques incluiu no sistema dados distorcidos sobre a Covid-19
Foto: Reprodução YouTube
  

O documento indicava que "50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram" causados pela doença, a informação foi citada pelo presidente da República. No entanto, após o TCU publicar um comunicado negando a existência do estudo, Bolsonaro admitiu que errou ao atribuir a autoria ao tribunal.   

Conforme o jornal Metrópoles, no último domingo (6), Alexandre Figueiredo incluiu os dados distorcidos no sistema do TCU. Segundo o Tribunal de Contas, o documento não é oficial e trata-se de uma “análise pessoal” do servidor. Não há informação sobre que tipo de investigação ou processo estão sobre ele até o momento. 

Com a convocação do servidor os senadores também desejam saber se ele manteve contato com integrantes do gabinete paralelo, com autoridades do Palácio do Planalto ou com os filhos e pessoas próximas ao presidente Bolsonaro. 

Outras convocações  

Além de Osmar Terra e do servidor, a comissão ainda decidiu convocar a médica Francieli Francinato, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. As informações são da Agência Senado. 

Segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), ela recomendou a vacinação de gestantes que haviam recebido a primeira dose do imunizante Astrazeneca “com qualquer vacina que estivesse disponível, sem nenhuma comprovação de segurança ou eficiência”. O requerimento prevê a realização de uma acareação entre Francieli e a infectologista Luana Araújo

O secretário de Comunicação Institucional da Presidência da República, Felipe Cruz Pedri foi outro nome aprovado pelos parlamentares para ser ouvido na CPI.  Os senadores também confirmaram a convocação do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho. Ele foi denunciado por participação em uma organização criminosa cujo objetivo seria desviar recursos públicos na compra de testes rápidos para detectar o coronavírus. 

A CPI deve convocar ainda o empresário José Alves Filho, representante de um laboratório que produz a ivermectina. Em outro requerimento, o presidente da Apsen Farmacêutica, Renato Spallicci, é chamado a depor. 

Requerimentos  

Os senadores ainda aprovaram pedido de informações às companhias Latam, Gol e Azul. O presidente Omar Aziz (PSD-AM) deseja acessar os registros de voos realizados à Brasília realizadas pela médica Nise Yamaguchi e dois irmãos dela, Greici Yamaguchi e Charles Takahito. 

Outro requerimento aprovado tem objetivo de esclarecer pontos do depoimento da oncologista Nise Yamaguchi. O Ministério da Saúde deve informar eventuais contratos ou repasses de recursos para pessoas jurídicas que tenham a médica como sócia. 

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