Bolsonaro faz pronunciamento em rede nacional nesta quarta-feira (2)

O presidente defendeu a vacinação contra a Covid-19, destacou o avanço do PIB e voltou a criticar políticas de isolamento social

Escrito por Diário do Nordeste e Ricardo Della Coletta e Mateus Vargas/Folhapress ,
Bolsonaro
Legenda: O pronunciamento no rádio e na televisão terá duração de cinco minutos
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento em rede nacional, no rádio e na televisão, na noite desta quarta-feira (2). Ele comentou sobre a vacinação no Brasil, medidas econômicas e confirmou a realização da Copa América no Brasil. 

"Sinto profundamente cada vida perdida em nosso País. Hoje, alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios", disse o presidente. E seguiu: "O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa", enfatizou. 

Quatro dias após manifestações de rua pelo País, o presidente foi alvo de panelaços em capitais durante a fala. Em São Paulo, houve panelaço em bairros de todas as regiões da Cidade. Também foram registrados atos em Brasília, Recife, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Em Fortaleza, o Diário do Nordeste recebeu registros de panelaços dos bairros Aldeota, Centro e Vila União.

Assista ao pronunciamento:

Bolsonaro voltou a criticar as medidas se isolamento social rígido. 

"O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais. Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea", disse. 

Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro

"Boa noite,

Sinto profundamente cada vida perdida em nosso país. Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios. O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta.
Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa.

Ontem, assinamos acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a AstraZeneca e a Fiocruz. Com isso, passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a Covid no mundo.

O Nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais. Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea.

Destinamos, em 2020, 320 bilhões para o Auxilio Emergencial para atender aos mais humildes. Esse montante equivale a mais de 10 anos de Bolsa Família. E mais de 190 bilhões para ajudar estados e municípios.

Alguns setores como bares e restaurantes, turismo, entre outros, em grande parte foram socorridos pelo nosso governo por meio do Pronampe (Programa Nacional de Apoio as Microempresas e Empresas de pequeno porte.) Hoje mesmo sancionamos a nova lei do Pronampe, agora permanente, que pode destinar a vários setores até 25 bilhões de reais, onde 20% será destinado ao setor de eventos.

Terminamos 2020 com mais empregos formais que 2019. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil criou mais de 900 mil novos empregos.

O PIB projetado para 2021 prevê um crescimento da economia superior a 4%. Só no 1º trimestre deste ano, a economia mostrou seu vigor, estando entre os países do mundo que mais cresceram.

Com o Congresso Nacional estamos avançando, aprovamos:
- A nova lei do gás;
- O marco legal do saneamento;
- A MP da Liberdade Econômica;
- O Banco Central independente; e
- E o novo marco fiscal.

Realizamos leilões de rodovias, portos e aeroportos. Levamos internet para mais de 8 milhões de brasileiros em grande parte para as regiões Norte e Nordeste.

Ontem, a Bolsa de Valores bateu recorde histórico, a moeda brasileira se fortalece, e estamos avançando no difícil processo de privatizações. A Ceagesp sob um comando honesto e responsável apresentou, além de lucro, um ambiente salutar entre os permissionários e funcionários. Essa Companhia socorreu nossos irmãos de Aparecida e Araraquara, entre outras cidades do interior de São Paulo, doando dezenas de toneladas de alimentos.

As estatais, no passado, davam prejuízo de dezenas de bilhões de reais devido à corrupção sistêmica e generalizada. Hoje são lucrativas.

Nos dois primeiros anos do nosso Governo, a Caixa Econômica Federal bateu recorde de lucro mesmo reduzindo os juros do cheque especial, da casa própria, das micros e pequenas empresas e dos empréstimos às Santas Casas.

Estamos avançando na transposição do Rio São Francisco, levando água para todo o Nordeste.

Na infraestrutura, o nosso Governo tem construído pontes, duplicado rodovias, terminando obras paradas há décadas, como a BR-163 no Pará.

Ainda neste ano, será concluída a Ferrovia Norte-Sul, que ligará o Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo, é a retomada do modal ferroviário no Brasil.

Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América.

O nosso Governo joga dentro das 4 linhas da constituição, considera o direto de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis.

Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.

Que Deus abençoe o nosso Brasil."

Outros pronunciamentos

O pronunciamento desta quarta foi o nono de Bolsonaro, em cadeia de rádio e TV, durante a crise sanitária da Covid-19.

Na primeira fala, em 6 de março de 2020, quando ainda não havia morte confirmada no Brasil em decorrência do novo coronavírus, Bolsonaro pediu união e disse que não havia motivo para pânico. "Seguir rigorosamente as recomendações dos especialistas é a melhor medida de prevenção", disse o presidente.

O tom de Bolsonaro mudou radicalmente no terceiro pronunciamento, em 24 de março, quando ele citou o uso da cloroquina e chamou a doença de "gripezinha". Esta fala ocorreu dias após o presidente participar de ato pró-governo, o que ampliou o desgaste de Bolsonaro com governadores e Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde.

Nas declarações seguintes, Bolsonaro se opôs às restrições de circulação de pessoas e ao fechamento do comércio, ações determinadas por prefeitos e governadores para evitar a propagação do vírus.

Na véspera do Natal, o presidente disse, em cadeia nacional, que o governo se esforçou em preservar vidas e empregos. Afirmou ainda que o país se tornou referência para "seguir o rumo ao progresso e ao desenvolvimento".

Pressionado pela demora na compra de vacinas, Bolsonaro usou o pronunciamento mais recente, de 23 de março deste ano, para tentar demonstrar que o Governo Federal se esforçava na busca pelos imunizantes.

Após negar por meses propostas da Pfizer, ele disse em cadeia de rádio e TV que havia pessoalmente solicitado para a empresa antecipar a entrega de 100 milhões de doses.

Bolsonaro ainda declarou que o país se tornaria "em poucos meses" autossuficiente na produção das doses. "Muito em breve, retomaremos nossa vida normal."

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