Venda de íris: o risco por trás

Escrito por
Alberto Jorge producaodiario@svm.com.br
CEO da Trust Control e especialista em cibersegurança
Legenda: CEO da Trust Control e especialista em cibersegurança

Nos últimos dias, o fenômeno chamado "venda de íris" ganhou destaque no Brasil, impulsionado por vídeos virais no TikTok que mostram pessoas formando filas para terem seus olhos escaneados em troca de quantias em criptomoeda Worldcoin (WLD). Os valores oferecidos variam, atraindo muitas pessoas em busca de uma renda rápida. Porém, por trás dessa prática aparentemente inofensiva, escondem-se riscos graves que devem ser debatidos e compreendidos pela população.

A "venda de íris" consiste na coleta de dados biométricos, especificamente a digitalização da íris, por meio de dispositivos específicos. Esses dados são utilizados para criar uma identificação digital única, que supostamente serve como base para uma rede global de identificação descentralizada. No entanto, ao entregar um dado biométrico tão sensível, as pessoas podem estar colocando em risco sua privacidade e segurança, muitas vezes sem compreender totalmente as implicações.

Entre os principais perigos associados à prática, destacam-se o roubo de identidade, em que dados biométricos, como a íris, podem ser utilizados para fraudes, como abertura de contas bancárias, acesso indevido a sistemas e falsificação de identidade; o uso indevido, quando a empresa responsável pode compartilhar ou vender os dados a terceiros, expondo os indivíduos a riscos desconhecidos e sem o devido consentimento; o armazenamento inseguro, pois, caso os dados não sejam protegidos adequadamente, há um alto risco de vazamentos e ciberataques, que poderiam comprometer milhões de registros; e o controle e discriminação, já que dados biométricos podem ser utilizados para vigilância em massa, controle social ou discriminação, dependendo de quem tem acesso a essas informações.

No Brasil, a coleta e o tratamento de dados pessoais, incluindo biométricos, são regulados pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Essa legislação exige que o tratamento de dados sensíveis tenha uma base legal válida, como o consentimento claro e informado do titular. Além disso, é obrigatório que os dados sejam protegidos de forma segura, prevenindo vazamentos ou usos indevidos.
O fenômeno da "venda de íris" serve como um alerta para a importância de proteger nossos dados pessoais. Por mais atrativa que a recompensa financeira possa parecer, é essencial avaliar os riscos e as consequências a longo prazo. Dados biométricos são únicos e irrecuperáveis, e seu uso indevido pode trazer prejuízos permanentes.

Alberto Jorge é CEO da Trust Control 

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