Quando me ouvir no rádio
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Aos meus 10 anos de idade, meu pai, que era taxista, chegou em casa trazendo um radinho de pilha portátil japonês. Eu não sabia o que eram Ondas Curtas, AM, FM, apenas me divertia com aquela caixinha de música eletrônica. Bastava girar o dial e, num plural de vozes, chiados e canções, escolhia as que mais me apraziam atenção às notícias que vinham depois.
Hoje, adulto, consciente do poder da comunicação, compreendo que o rádio é ímpar em sua capacidade de (des)informar, emocionar e conectar pessoas, pois alcança democraticamente a todos – chegando a lugares que outras mídias não alcançam. Além de entretenimento, o rádio faz chegar a todos informações de utilidade pública em áreas como saúde e direitos civis, transformando vidas.
O rádio amplificou as vozes de líderes comunitários, artistas regionais e especialistas locais. Com o avanço da tecnologia, o rádio se fundiu ao som "3 em 1"; atualmente, ao celular, ao smartphone, ao relógio digital. Redes sociais, plataformas on-line, podcasts não tornam o rádio obsoleto, apenas ampliam seu alcance; sua essência permanece: um meio que fala direto ao coração.
Para preservar seu poder, é preciso equilibrar tradição e inovação, usando tecnologia para aprimorar a qualidade sem perder a conexão humana que o define, bem como demarcar seu espaço na luta contra “fake news”, com programas que ensinem o público a separar o falso do fato, atuando com transparência, sem sensacionalismos.
Gugleilmo Marconi, Nikola Tesla e Pe. Roberto Landell trouxeram essa poderosa ferramenta de comunicação ao mundo, e Freddie Mercury a imortalizou em sua Radio Ga Ga: Let's hope you never leave, old friend (Vamos torcer para que você nunca nos deixe, velho amigo)/ Like all good things, on you we depend (Como todas as coisas boas, dependemos de você).
Quando, em 2023, um cantor jovem, como Jão, entoa “Quando me ouvir no rádio/ Será que vai dar pra perceber/ Que tudo que eu canto ou falo/Ainda é só sobre você”; bem, é certo: o velho amigo nunca nos deixará.