Ano Novo e simbologia
Não tem jeito. O clima festivo de final de ano, de um modo ou de outro, externemos ou não, sempre nos afeta por mais que queiramos e tentemos parecer imunes (ou indiferentes) a ele. Até mesmo os mais céticos (descrentes), no fundo, terminam (ainda que não admitam) pelo menos contaminados pelo desejo de que o ano que se aproxima venha a ser melhor do que aquele que se encerra (ou tão bom quanto o que se encerra). E não há nenhum problema nisso.
Para os corações mais “duros”, não custa se permitir, ao menos nesta época do ano, olhar com gratidão as conquistas alcançadas e, igualmente, os livramentos vivenciados. Mais ainda: estender o olhar ao redor e reconhecer que muito de tudo isso (ou quase tudo) é fruto não apenas de nossas ações individuais, mas do somatório dos nossos empenhos e da ajuda de tantos outros (amigos, familiares, conhecidos e até mesmo estranhos e anônimos que, no cumprimento de suas tarefas cotidianas, inconscientemente, muito contribuíram para a realização dos nossos anseios e necessidades).
As perdas (de coisas e de pessoas), por mais dolorosas que tenham sido, fazem parte de um ciclo natural e se tornam mais aceitáveis quando compreendemos o sentido real de suas passagens em nossa vida e que os ensinamentos, vivências e experiências que tivemos com elas hão de permanecer conosco, pois transcendem à proximidade física e material. Os erros também podem ter machucado (a nós e aos outros), mas terão sido úteis e engrandecedores se fomos capazes de reconhecê-los e aprender com eles para não os repetirmos.
O que não podemos perder de vista jamais é que, por mais simbólica que seja, a chegada de um novo ano não constituirá, por si só, uma renovação verdadeira, um passe de mágica. Para que o ano novo seja de fato melhor, é imprescindível que a melhoria comece a partir de nós (interna e externamente, ou seja, no modo como pensamos e, sobretudo, como agimos).
Se me perguntassem quais as duas palavras que usaria para definir esta época do ano, ousaria responder: gratidão e compromisso. Gratidão por tudo e a todos(as) que me fizeram chegar até aqui (em meio a todos os acertos e erros, pois eles também são próprios de nossa falibilidade humana). Compromisso de tentar, doravante, utilizar o que mais este ano me ensinou para tentar fazer o novo ano, de fato, melhor do que este que agora termina.
Feliz e abençoado ano novo!
Valdélio Muniz é jornalista