Três meses de tarifas desafiam o Ceará
Há três meses, os Estados Unidos impuseram tarifas de importação sobre produtos brasileiros, com alíquotas que chegam a 50% em setores considerados estratégicos. A medida, anunciada no fim de julho e em vigor desde 6 de agosto de 2025, já provoca impactos concretos nas exportações do Ceará, estado com forte dependência do mercado norte-americano.
Os EUA figuram entre os principais destinos dos produtos cearenses, ocupando posição de destaque na pauta exportadora estadual. Em 2024, o país esteve entre os três maiores compradores, com destaque para calçados, frutas tropicais especialmente o melão, além de produtos metalúrgicos e químicos.
Com a nova política tarifária, os custos de exportação aumentaram e a competitividade diminuiu, abrindo espaço para concorrentes de nações não afetadas pelas medidas. Nos primeiros meses, entidades do comércio exterior e associações empresariais já relatam queda nos embarques, cancelamento e postergação de contratos.
Os pequenos e médios exportadores, com menor capacidade de absorver perdas, foram os mais prejudicados. Muitos têm buscado alternativas de mercado na Europa, América do Sul e Ásia, tentando compensar o recuo nas vendas e evitar demissões.
Economistas alertam que, caso as tarifas sejam mantidas, os impactos sobre a balança comercial cearense devem se intensificar nos próximos trimestres. Setores como fruticultura, metalurgia e produtos químicos enfrentam crescente concorrência de países da América Central e do Sudeste Asiático.
Há também o temor de retração nos investimentos das cadeias produtivas locais voltadas ao mercado norte-americano. Diante desse cenário, o governo estadual e entidades privadas monitoram os desdobramentos e discutem medidas de mitigação.
A Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) e a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) estudam estratégias de diversificação comercial e criação de incentivos fiscais para preservar a base exportadora. É consenso que elas representam um desafio real à economia cearense, que vê sua competitividade internacional posta à prova após três meses de restrições impostas pelos Estados Unidos.
Thiago Machado é especialista em Suprimentos