Geraldo e o amor pelos livros

Seu legado é muito importante, pois o Sebo O Geraldo tornou-se o mais importante da capital, tanto na quantidade de obras que disponibiliza, quanto como ponto de encontro dos apreciadores da literatura

Escrito por
Gilson Barbosa producaodiario@svm.com.br
Jornalista
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Quis o destino que o livreiro Geraldo Paulo Duarte, fundador do tradicional estabelecimento de compra e venda de livros usados no Centro de Fortaleza, falecesse no último dia de setembro, aos 83 anos. Ele, que fundou o sebo que leva seu nome há mais de cinco décadas, por tanto amar os livros, partiu às vésperas deste outubro em que duas datas nacionais ligadas à leitura são celebradas: o Dia da Leitura, 12; e o Dia do Livro, 29. Por várias vezes fui ao Sebo O Geraldo, na esquina das ruas 24 de Maio e Pedro I, onde adquiri até obras raras, em meio àquele “mundo literário” de 200 mil exemplares pelo qual “viajava” e circulava todos os dias aquele idoso senhor, sempre sentado diante de um birô, logo à entrada.

Quando ali chegava, deparava-me com ele. Às vezes circunspecto, observador, ou, em outras ocasiões, comunicativo, falante, com um sorriso, Geraldo nos recebia com atenção e gostava de fazer algum comentário sobre o livro que pretendíamos levar para casa. Incentivava os que ali chegavam no sentido da valorização da literatura, da leitura, do conhecimento e do entretenimento proporcionado pelos livros que comercializava.

Seu legado é muito importante, pois o Sebo O Geraldo tornou-se o mais importante da capital, tanto na quantidade de obras que disponibiliza, quanto como ponto de encontro dos apreciadores da literatura. Ali também temos a prazerosa experiência de conversar com outros leitores, sugerindo-lhes ou conhecendo novas obras e autores, expandindo assim nosso conhecimento literário. E assim já aconteceu e acontecerá com muita gente que, mesmo com o desaparecimento físico do querido livreiro, continuará a visitar e a comprar os livros dos mais diversos gêneros que estão à disposição de todos nas estantes daquele ponto de encontro cultural.

Certamente todos sentiremos a ausência física de Geraldo. Sua presença permanente no local impunha uma identidade própria ao estabelecimento que tanto amava! Exatamente por isto, o ato de adquirir livros no local será menos acolhedor sem sua conversa peculiar, sem seu contato constante. Mas não há dúvida de que aquele senhor, com a iniciativa de prestigiar os livros, a leitura e a transmissão do conhecimento, alcançou seu objetivo, quando fundou aquela livraria. E esperamos que o Sebo O Geraldo continue a ser referência, por muitos anos vindouros, no cenário literário e cultural de nossa Fortaleza.

Sua partida foi bastante sentida, mas Geraldo deixa um legado importante para a coletividade. O papel dos sebos, no sentido de democratizar a leitura, comercializando livros a preços módicos, acessíveis a todos, foi mais do que nunca encarnado por ele nesta capital. Sua missão foi cumprida, e bem cumprida, ao propiciar, como importante agente cultural, a difusão dos mais diversos autores e obras entre o público ávido por conhecimento e/ou diversão.

Sua contribuição continuará a ser inestimável e sua memória será sempre lembrada.

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