A Encadernadora Tupi

Feito este introito, quero lamentar o fim da Encadernadora Tupi. Instalado desde setembro de 1973, num quase despercebido, pequeno e antigo imóvel da rua Floriano Peixoto, 974

Escrito por
Gilson Barbosa producaodiario@svm.com.br
Jornalista
Legenda: Jornalista

Numa época sem Internet e as facilidades dos sítios de busca, como o Google, o acesso ao conhecimento e à leitura se dava nas bancas de revistas, que nos proporcionavam o acesso à informação através de livros, revistas e dos chamados fascículos de coleções. Estes, de no máximo 20 páginas, eram vendidos quinzenalmente, a preços módicos. Em conjuntos de 10 ou 12 exemplares numerados em sequência, compunham volumes de coleções sobre os mais diversos temas. Comprávamos os fascículos, com as capas correspondentes a cada volume, também vendidas em bancas. Uma vez completados, procurávamos as encadernadoras, onde eram enfeixados os volumes.

Feito este introito, quero lamentar o fim da Encadernadora Tupi. Instalado desde setembro de 1973, num quase despercebido, pequeno e antigo imóvel da rua Floriano Peixoto, 974, o estabelecimento é mais um a desaparecer em meio ao cenário de abandono e decadência que há tempos assola o Centro de Fortaleza. Diante do aumento escorchante do aluguel pago ao dono do local, não restou outra saída aos três filhos de Edmundo Barbosa da Silva, o nonagenário fundador da pequena empresa. Ricardo, Aurélio e Júnior, que aprenderam com o pai a arte de costurar e encadernar publicações, foram obrigados a procurar outro rumo para a execução de seu ofício.

Edmundo foi gerente da extinta Alaor Distribuidora, outrora responsável pela distribuição de conhecidas publicações na capital e interior do Estado. Viajava pelo sertão cearense, numa Kombi, a serviço. Anos depois, ganharia uma banca de revistas, dada pela própria Alaor, mas repassou-a a outra pessoa e ingressou no ramo da encadernação. Assim, conforme o registro 5507, da Junta Comercial do Ceará, nasceu a Encadernadora Tupi, em 1o. de setembro de 1973. Exatamente no mesmo local onde começou, ela também encerrou suas atividades, 52 anos e quatro dias depois, em 5 de setembro deste 2025.

Viveu tempos áureos, mas ainda resistia, tendo sido forçada a encerrar suas atividades diante da pressão econômica. A modernidade destrói vorazmente certos hábitos do passado. E a veterana Encadernadora Tupi, a última de Fortaleza, ao sumir de cena para sempre, torna-se mais um símbolo dessas mudanças tão abruptas e avassaladoras, do tempo que vorazmente “engole” o passado. Deixa a existência física para alojar-se no imaginário, nas lembranças mais agradáveis, no recôndito de nossa memória. Sentirei saudades!

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