Entendendo o Transtorno Bipolar para construir uma vida sem extremos

Na fase depressiva, a tristeza intensa, a falta de energia e o isolamento social podem tomar conta do indivíduo, afetando sua rotina, suas relações e até mesmo sua vontade de continuar

Escrito por
Leidiana Silva e Maria Eliene Oliveira producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 07:41)
Psicólogas
Legenda: Psicólogas

Recentemente, em 30 de março, celebramos o Dia do Transtorno Bipolar, uma data que carrega não apenas a lembrança de Vincent van Gogh, que recebeu um diagnóstico póstumo da condição, mas também a necessidade urgente de derrubar estigmas e ampliar a compreensão sobre essa realidade.

Muito além de uma simples "mudança de humor", o transtorno bipolar (TB) é uma condição de saúde mental séria e complexa, que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Para quem convive com a condição, a vida pode oscilar entre episódios de profunda depressão e períodos de intensa euforia. O desafio não está apenas nos sintomas, mas na falta de informação e na maneira como a sociedade encara essas pessoas, muitas vezes rotuladas como instáveis ou exageradas.

Na fase depressiva, a tristeza intensa, a falta de energia e o isolamento social podem tomar conta do indivíduo, afetando sua rotina, suas relações e até mesmo sua vontade de continuar. Já na fase maníaca ou hipomaníaca, a sensação de euforia, a impulsividade e a autoconfiança extrema podem levar a decisões impensadas, colocando a própria pessoa e os outros em risco. Para além do diagnóstico clínico, existe o peso do julgamento alheio, que frequentemente reforça o isolamento e dificulta o acesso ao tratamento adequado.

Ainda há quem acredite que transtornos mentais são frescura ou falta de força de vontade. Mas a verdade é que o transtorno bipolar é uma condição neurológica que exige acompanhamento médico e psicológico contínuo. Com o tratamento correto – que combina medicamentos estabilizadores de humor e psicoterapia –, é possível reduzir a intensidade das crises e proporcionar períodos de estabilidade mais longos. A compreensão e o apoio da família e dos amigos são fundamentais nesse processo.

É preciso reforçar que viver com transtorno bipolar não significa estar condenado ao sofrimento. Com informação, suporte e tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida, manter relacionamentos saudáveis e construir um futuro com menos extremos. O maior desafio não está apenas na condição em si, mas no preconceito e na desinformação que ainda cercam o tema.

Cuidar da saúde mental deve ser uma prioridade para todos. Se você conhece alguém que pode estar enfrentando essa batalha, ofereça apoio, incentive a busca por ajuda profissional e, acima de tudo, respeite sua jornada. Precisamos construir uma sociedade mais acolhedora e consciente, onde ninguém seja excluído por aquilo que não pode controlar.