Descanso também é direito
Foi com esse olhar que apresentamos, na Assembleia Legislativa (Alece), o Projeto de lei N° 126/2025, que propõe o fim da escala 6x1 nos contratos terceirizados do Estado

Acordar antes dos primeiros raios de sol, enfrentar ônibus lotados, passar o dia inteiro no batente e, antes mesmo de chegar à casa, já se preparar para a próxima jornada. De segunda à sábado, essa é a rotina de milhões de trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.
Dados do Ministério da Previdência Social indicam que o país vive uma crise de saúde mental com impacto direto na vida de trabalhadores e de empresas. Em 2024, foram quase meio milhão de afastamentos, o maior número em pelo menos dez anos. Depressão e ansiedade lideram os diagnósticos.
A escala 6x1, exaustiva e desumana, é reflexo de uma lógica que prioriza a produtividade, mesmo à custa da saúde física e mental de quem move a economia com esforço e dedicação. Acreditamos que um dia de descanso não basta para repor as energias de quem cumpre jornadas longas, enfrenta deslocamentos cansativos e ainda concilia trabalho com cuidado familiar. Reduzir a carga semanal é garantir saúde, bem-estar e mais equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Foi com esse olhar que apresentamos, na Assembleia Legislativa (Alece), o Projeto de lei N° 126/2025, que propõe o fim da escala 6x1 nos contratos terceirizados do Estado. Nossa proposta assegura o direito a dois dias consecutivos de descanso semanal para trabalhadores terceirizados em contratos de obras, serviços e parcerias públicas ou privadas firmadas com o Governo do Ceará. A medida se estende a todos os órgãos da administração pública estadual.
Mesmo sendo um tema de competência federal no setor privado, é urgente provocar esse debate também no âmbito estadual. O Ceará pode – e deve – ser referência em justiça social e valorização do trabalho. Nossa iniciativa soma-se a um debate que já ganha força com propostas semelhantes tramitando no Congresso Nacional e em câmaras municipais de várias capitais do país.
Trabalhar cinco dias e descansar dois não é utopia. Nossa luta é por um Ceará que respeita o tempo de viver, o direito de descansar e a força de quem levanta o país todos os dias. Porque o tempo de viver com dignidade não é amanhã — é agora.