Como está o cuidado com a saúde mental infantil?
É fundamental desmistificar a ideia de que "criança não tem problema" ou que a tristeza e a irritabilidade são apenas "manhas" ou "fases"
Outubro chega com a alegria do Dia das Crianças, um apelo lúdico que exalta a infância, os presentes e as brincadeiras. É um período que naturalmente nos convida à celebração e ao consumo típico do mês. Contudo, por trás dessa efervescência, existe um clamor urgente que não pode ficar à sombra: a saúde mental infantil.
A necessidade desse debate é cada vez mais evidente. Os diagnósticos de depressão, ansiedade, transtornos de imagem, compulsivos e outras causas emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes estão em uma ascendência preocupante. Tais condições afetam profundamente e impedem que esse período fundamental da vida seja, de fato, saudável e pleno.
A infância não é, e não pode ser vista, como um período imune a sofrimentos psíquicos. É precisamente nessa fase que os pilares emocionais e sociais que nortearão a vida adulta são construídos. A forma como a criança aprende a lidar com frustrações, a se socializar, a construir sua autoimagem e a regular suas emoções define, em grande parte, o adulto que ela se tornará. Ignorar a saúde mental agora é comprometer o futuro.
Os pais e responsáveis têm um papel crucial no reconhecimento e na busca por auxílio. Não se trata de procurar um profissional apenas em casos extremos, mas de considerar o acompanhamento psicológico como um suporte vital. É essencial, sobretudo, quando a criança está passando ou sendo exposta a mudanças significativas. Um divórcio, a perda de um ente querido, uma mudança de cidade, o bullying, ou o uso excessivo e desregulado de telas são fatores que podem desorganizar seu mundo emocional interno. Nesses momentos, o profissional oferece as ferramentas necessárias para que ela processe e se adapte a novas realidades de forma saudável.
É fundamental desmistificar a ideia de que "criança não tem problema" ou que a tristeza e a irritabilidade são apenas "manhas" ou "fases". Estar atento aos sinais – como isolamento persistente, alterações no sono ou apetite, medos excessivos, regressão de comportamento ou queda no desempenho escolar – é um ato de amor e responsabilidade. O incentivo ao acompanhamento profissional não é um atestado de falha na criação, mas sim uma prova de cuidado integral.
Para além das celebrações de outubro e da euforia dos presentes, é necessário e urgente um cuidado integral que vá além da alimentação, da educação formal e do lazer. Esse cuidado passa, inegavelmente, pela saúde mental. O presente mais valioso que podemos dar aos nossos jovens é a garantia de um desenvolvimento emocional equilibrado, que os capacite a enfrentar os desafios da vida com resiliência.