A importância da comunicação na infância

A disciplina também precisa ser explicativa e contextualizada, não baseada em imposições de poder

Escrito por
Renato Lisboa producaodiario@svm.com.br
Neuropsicanalista
Legenda: Neuropsicanalista
A infância é o solo primordial para plantar as sementes da comunicação. Cada palavra trocada com uma criança pode nutrir ou inundar, fortalecer ou destruir. Conversar com os pequenos não se resume a transmitir informações ou corrigir comportamentos; trata-se de criar um ecossistema comunicativo em que eles desenvolvem habilidades emocionais e relacionais que durarão por toda a vida.
 
O primeiro passo de um diálogo regenerativo é reconhecer que crianças não são adultos em miniatura. Seus sentimentos, pensamentos e processamento cognitivo funcionam em frequências próprias. Ao se abaixar para conversar olho no olho, por exemplo, o adulto envia uma mensagem silenciosa de encontro, respeito e disposição para compreender o universo infantil, em vez de exigir que a criança alcance o mundo adulto antes de estar preparada.
 
Quando uma criança chora porque o sanduíche foi cortado em triângulos e não quadrados, o diálogo regenerativo sugere reconhecer a frustração: “Vejo que você está chateada com o sanduíche”, em vez de minimizar o sentimento. Esse reconhecimento ensina que demonstrar as próprias emoções é algo importante.
 
A disciplina também precisa ser explicativa e contextualizada, não baseada em imposições de poder. Um “não pode” seco é substituído por explicações que ensinam sobre causa e consequência: “Se você correr em um lugar molhado, pode escorregar e se machucar - quero que fique seguro”. Dessa forma, a criança aprende valores e julgamento moral, em vez de simplesmente obedecer.
 
Perguntas como “O que você acha que aconteceria se...?” ou “Como podemos resolver isso juntos?” incentivam autonomia, pensamento crítico e empatia. Conflitos entre crianças são oportunidades de aprendizado: mediadores regenerativos conduzem diálogos que ensinam sobre negociação, compreensão do outro e responsabilidade compartilhada.
 
Erros, tanto de adultos quanto de crianças, são ferramentas de aprendizado. Quando um adulto perde a paciência e grita, o diálogo regenerativo sugere reparação: “Desculpe por ter gritado. Fiquei frustrado, mas não é assim que quero resolver as coisas. Vamos começar de novo?”. Essa prática ensina à criança a lidar com rupturas, mostrando que relações podem ser restauradas com consciência e respeito.
 
A comunicação regenerativa transforma cada interação em oportunidade de conexão. O futuro emocional das crianças depende de adultos capazes de ouvir, validar e guiar com presença e intenção. Conversar bem com os pequenos não é luxo — é fundamento para relacionamentos saudáveis na vida adulta.
Gonzaga Mota
08 de Novembro de 2025
Doutora em educação, professora da educação básica, membro da Coordenação Colegiada do Fórum EJA/CE
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