Urbanização do Morro Santa Terezinha segue sem prazo

Moradores comemoram, hoje, os 36 anos do local, pedindo melhor qualidade de vida

Escrito por
Luana Lima - Repórter producaodiario@svm.com.br
Legenda: Projeto prevê instalação de bondinho, anfiteatro, praças e calçadão ligando o Morro à Beira-Mar. Entretanto, a população ainda sofre com a falta de serviços de saúde, limpeza e mais linhas de ônibus
Foto: Foto: José Leomar

A prometida urbanização do Morro Santa Terezinha, no bairro Vicente Pinzón, segue sem prazo de início. O projeto, que visa explorar o potencial turístico da região, está sendo readequado pelo Município e depende de recursos do Ministério do Turismo para ser realizado. O esboço original prevê a instalação de um bondinho, anfiteatro, praças, espaços para a prática de esportes e um calçadão ligando o Morro Santa Terezinha à Beira-Mar. O conjunto habitacional completa, hoje, 36 anos, e os moradores farão uma festa no mirante para comemorar a data, a partir das 18h.

> Projeto será readequado  e dividido em duas etapas

A população cobra do poder público que seja feito, pelo menos, o básico para garantir melhor qualidade de vida. Em janeiro deste ano, houve deslizamento de parte da encosta do morro, em decorrência de fortes chuvas. Somado a isso, moradores reclamam que têm de conviver com insegurança, lixo acumulado, poucas linhas de ônibus e precário atendimento nos postos de saúde.

"É muita sujeira. Fizeram o mirante, mas a rampa de lixo permanece ao lado. Segurança, não temos nenhuma. A gente vai em um posto de saúde e nem omeprazol tem. E se for marcar consulta, é para três meses depois", diz a merendeira Marlene Menezes, 51, moradora há 20 anos do Morro Santa Terezinha. Saudosa, ela conta que, antigamente, o mirante era cheio de restaurantes, pizzarias. Hoje, está abandonado.

Do mirante - ponto mais alto de Fortaleza - é possível apreciar uma das vistas mais bonitas da cidade. O visual, no entanto, contrasta com os casebres e a enorme quantidade de lixo acumulado na encosta do morro, assim como em praças e ruelas.

A zeladora Antônia Marta Maria, 47, se queixa das poucas linhas de ônibus, sobretudo as que ligam ao Centro. "Só tem essa do Meireles, que a gente passa duas horas esperando".

Decadência

José Borzacchiello, pós-doutor em Geografia Humana e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), observa que o Morro Santa Terezinha se consolidou através da política habitacional. Depois, a classe média se apropriou das casas, tirando benefício do visual paisagístico. Em um segundo momento, acrescenta o especialista, foram construídos bares e restaurantes, transformando o morro em um polo gastronômico, até que começou a entrar em decadência pela ascensão da Praia de Iracema e pela violência.

"No passado tínhamos o Osmar (restaurante), que atraía o primeiro patamar do Mucuripe. O segundo era formado pelos bares voltados para a linha férrea. Já o terceiro era o Morro Santa Terezinha. Tudo isso foi desmontado e desativado", observa. Para Borzacchiello, a recuperação do morro é válida, uma vez que beneficiaria a população de todo o Vicente Pinzón e comunidades do entorno. Porém, adverte que a revitalização para exploração turística tem que ser feita com muito cuidado, observando a forma como vai ser implantada, pois o morro e o seu entorno tiveram aumento da densidade populacional.

Vilanir Nascimento, presidente da Associação dos Moradores do Morro Santa Teresinha, destaca que o local foi fundado em 1979, recebendo as primeiras famílias em janeiro de 1980. Inicialmente, foram 1.021. Hoje, conforme a líder comunitária, são cerca de 11 mil moradores. Quando foi fundado, o morro pertencia ao Mucuripe, mas depois de uma reformulação da Prefeitura de Fortaleza, passou a fazer parte do grande Vicente Pinzón.