Trabalhadores da Contax paralisam atividades e reivindicam aumento de salário

A manifestação teve início às 8h desta quarta-feira (17), na sede da Avenida Borges de Melo e da Rua Sena Madureira

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 18:09)

Na manhã desta quarta-feira (17), o trânsito na Avenida Borges de Melo ficou complicado por conta de uma manifestação de funcionários da empresa Contax, especializada em teleatendimento, que reivindicam aumento salarial. Conforme o Sindicato de Telecomunicações (Sintel-CE), em Fortaleza, cerca de 2.500 teleoperadores, divididos em turnos, protestam na avenida com cartazes e apitos.

De acordo com a secretária geral do Sintel, Marília Gomes, os trabalhadores de telecentros de todo o Brasil seguem em mobilização desde janeiro. O estado de greve foi decretado para ter início nesta quarta após uma reunião marcada para a última segunda-feira, 15, que não aconteceu. Ela afirma que, no Ceará, são entre 25 a 30 mil teleoperadores e telefonistas mobilizados em razão da causa, que inclui o reajuste do piso salarial acima do salário mínimo e de benefícios como vale-alimentação, acima da porcentagem da inflação.

Adriana de Oliveira, dirigente do Sintel-CE, reforça que a paralisação das atividades se deu com o objetivo de gerar uma nova proposta para a categoria. “Já tivemos uma rodada de negociações e saímos da mesa sem ter nenhuma proposta firmada pela empresa”, afirmou. Até o momento, a proposição da empresa é para que o aumento de 11,68% só seja validado em abril deste ano, o que foi rejeitado pelos funcionários em negociações anteriores.

Segundo a dirigente, a manifestação, que acontece tanto na sede da Av. Borges de Melo como na da Rua Sena Madureira, só deve cessar com o surgimento de uma nova negociação para com os trabalhadores. Caso a proposta da Contax não apareça, a paralisação deve continuar por tempo indeterminado.

Assédio Moral

Outra problema reclamado pela categoria é a questão do assédio moral. A secretária geral Marília Gomes afirma que a categoria é taxada como pessoas "que ficam dentro do telecentro serrando unha ou jogando 'paciência'". Além disso, ela explica que  a carga horária de 180 horas mensais são vividas sob pressão e cobrança. "A empresa não respeita o trabalhador, não trata com dignidade e não dá condições de trabalho", diz.

O teleoperador Manoel Cabral diz que é vítima constante de assédio na profissão. Ele conta que, só por estar na manifestação, ele recebeu um aviso de seu supervisor. "Eles costumam demitir por justa causa, o que acontece depois de três advertências". Segundo o teleperador, a advertência conta no histórico e, por vez, uma bateria de 30 atendentes já recebeu suspensão por se mobilizar junto à categoria.

Já o teleoperador Paulo Roberto Ferreira comenta sobre outras situações: "Às vezes a gente levanta para ir ao banheiro, durante 2 ou 3 minutos, e o supervisor olha com cara feia. Até isso tem que ser dentro do horário programado".

Ele diz ainda que operadores recém-admitidos na empresa costumam sofrer chantagens para cumprir as metas sob a ameaça de perder o emprego. "Eles pedem até mesmo que a gente atenda mal aos clientes para que as metas sejam cumpridas, e encobrem diversas reclamações"

Posicionamentos

A reportagem tentou entrar em contato com o Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços e Instaladores de Sistemas e Redes de TV por Assinatura (Sinstral), mas não conseguiu falar com a assessoria.

Por sua vez, a Contax informa que o processo de negociação coletiva com o Sindicato que representa a categoria segue em andamento. A companhia também afirmou que mantém diálogo aberto com os seus funcionários e as entidades que os representam e reafirma seu empenho para que seja possível chegar a um acordo com a categoria no menor prazo possível.