Pesquisa da UFC estuda antivirais para tratamento da Covid-19

Coquetel utilizado contra o HIV, os fármacos tenofovir e emtricitabina serão usados tanto individualmente como associados para combater a doença pandêmica em pacientes com sintomas leves e moderados no Ceará

Escrito por Redação , metro@svm.com.br

Uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade Federal do Ceará (UFC) estuda os antivirais fumarato de tenofovir desoproxila e a emtricitabina, já usados contra a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), no combate à Covid-19. A pesquisa foi aprovada por volta do fim de julho pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para organização de um protocolo experimental. Há duas semanas, o projeto passou pelo comitê de ética, a nível nacional.

Segundo o professor, e um dos gestores do projeto no Ceará, Aldo Ângelo Lima, a pesquisa é em colaboração com a Universidade de São Paulo-Ribeirão Preto (USP-RP). "Os colegas observaram que o tenofovir inibiu o crescimento do vírus e essa inibição permitiu que possamos fazer uma experimentação clínica para saber se tinha ou não aplicabilidade na terapia clínica", pontua. No Ceará, 10 a 15 pesquisadores participam dos processos da pesquisa.

Os estudos têm três vertentes de experimentação, segundo Aldo. "Um é o controle, chamamos de placebo, o outro é com o antiviral tenofovir e o terceiro braço experimental é a associação do tenofovir com a emtricitabina". Sobre a eficiência, foi observado que "o tenofovir é capaz de inibir uma enzima viral importante para a divisão do vírus. O outro composto, a emtricitabina, adiciona o efeito de inibição da replicação viral".

De acordo com o professor, cerca de 240 pacientes diagnosticados com Covid-19, apresentando sintomas leves e moderados, participarão da primeira fase da pesquisa, que deve iniciar na próxima semana. O recrutamento será feito a partir de atendimentos no Hospital São José, em Fortaleza. "O paciente participará de um estudo controlado com um desses três grupos e vai ser acompanhado por 28 dias. Vamos ter quatro visitas a ele para avaliarmos a capacidade desses medicamentos em inibir o crescimento do vírus e a redução de qualquer celeridade no processo da doença".

A expectativa é para que os primeiros resultados da aplicação da pesquisa saiam em seis a oito meses. "Com a redução da circulação do vírus, teremos que lidar com uma menor velocidade de entrada de pacientes", explica Aldo.

Caso comprovada a eficácia dos fármacos no tratamento da doença pandêmica, a distribuição dos medicamentos para a nova doença deve ocorrer em um ano, conforme o pesquisador. O custo total chega próximo a R$ 1 milhão para todas as fases da pesquisa. "Estamos avaliando a carga viral, a patologia em si, a resposta imune, reação inflamatória, como a doença se comporta, entre outros fatores".

Além da pesquisa envolvendo o coquetel antiviral, o professor adiciona que há outros fármacos em estudo para o combate da Covid-19. "O importante é que a gente encontre opções terapêuticas para conter a pandemia", conclui.

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