Ocupação de leitos cai, mas Ceará tem média diária de 2,1 mil pessoas internadas com Covid em junho

Apesar de hospitalização ainda alta, mês teve semana com menor ocupação de UTIs e enfermarias desde pico da segunda onda

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Leito Covid Ceará
Legenda: Número de hospitalizações é um dos indicadores mais importantes para flexibilização das atividades no Ceará
Foto: Thiago Gadelha

A segunda onda de Covid-19 no Ceará dá indícios de estabilização, mas mantém o alerta de prevenção aceso. A ocupação de leitos de UTI e de enfermaria caiu, em junho, mas uma média de 2.163 pessoas ainda permanece hospitalizada todos os dias.

O dado é do IntegraSUS, da Secretaria da Saúde (Sesa), coletado pelo Diário do Nordeste, e considera o número de leitos de Covid ocupados por dia em unidades de saúde públicas e privadas, em todo o Estado, entre 1º e 15 de junho.

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A média de pacientes hospitalizados a cada semana tem caído. Entre 1º e 7 de junho, a média era de 2.413 leitos específicos ocupados diariamente.

No auge da segunda onda, entre 23 e 30 de março deste ano, a média chegou a 3.981 pessoas hospitalizadas simultaneamente em todo o território cearense.

Já nos últimos 7 dias, 1.871 pessoas ocupavam as vagas de internação de UTI e de enfermaria todos os dias, o menor número desde que a segunda onda da pandemia teve início no Ceará.

O médico Vicente Freire, membro da direção da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Regional Ceará (SBACV), explica por que a taxa de ocupação hospitalar no Ceará se mantém alta apesar da leve melhora nos indicadores da pandemia.

Segunda onda em curso

Dr. Cabeto, secretário estadual da Saúde, destacou, durante live no último sábado (12), que “todas as regiões do Ceará têm estabilidade da taxa de transmissão, mas não há redução consistente de uma semana à outra” e que, por isso, “precisamos manter as medidas de prevenção, como o uso de máscaras."

Caroline Gurgel, epidemiologista, virologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), alerta que “por mais que, em muitos municípios, a gente perceba uma certa estabilidade, ela é muito sensível, porque lidamos com uma doença de alta transmissibilidade”.

A ocorrência de uma terceira onda de casos da doença, segundo Caroline, não está descartada, já que, “a qualquer momento, podemos ter a formação de uma quantidade enorme de casos, caracterizando uma nova onda”.

Para a epidemiologista, a mais recente flexibilização das atividades econômicas no Ceará “não está diretamente ligada aos indicadores da Covid-19”, e pode contribuir para aumentar da taxa de transmissão da virose. 

Essa flexibilização é uma resposta de que não tem como ficar em lockdown por dois meses, é insustentável. Não tem como dar o mínimo de dignidade para as pessoas poderem ficar em casa de forma constante.
Caroline Gurgel
Epidemiologista

A profissional de saúde ressalta também que muitos locais do Estado ainda não saíram da segunda onda, contabilizando “níveis altíssimos de casos” e, muitas vezes, contando com uma grande circulação de pessoas, como na Região do Cariri.

167
municípios do Ceará estão com risco altíssimo de incidência da Covid-19. As outras 17 cidades têm risco alto.

“Uma cidade que está em lockdown, por exemplo, se a vizinha não estiver, existe a movimentação daquele morador para outro local, a fim de exercer as suas atividades, seja no comércio ou para comprar recursos”, observa.

Manter medidas sanitárias

Diante desse cenário, Caroline reitera a importância da utilização de máscaras de proteção adequadas, como a PFF2, em todos os locais – seja nos deslocamentos, seja no próprio local de trabalho –  além da higienização das mãos e do distanciamento físico.

A imunização em massa, porém, deve ser o maior foco, para frear a transmissão e, por consequência, o possível surgimento de novas cepas do coronavírus.

A vacina é uma barreira física para que o vírus não chegue até as pessoas, mas ela só funciona se tiver acima de 75% da população vacinada. Até lá, vamos, sim, ver casos e mais casos de pessoas a adoecer.

Novos leitos de reabilitação

Na manhã desta quarta-feira (16), o governador Camilo Santana anunciou a criação da Casa de Cuidados do Ceará, equipamento de suporte à desospitalização e recuperação de pacientes com Covid. 

Leito de UTI
Foto: AFP

A casa funcionará num hotel de Fortaleza, com capacidade para 130 leitos, como local de transição entre o hospital e a casa de pacientes que permaneceram longos períodos internados. Equipes de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assistentes sociais e outros serão responsáveis pelos cuidados.

"Temos falado em UTI e internações complexas, mas queremos disponibilizar um local para reintegrar essas pessoas. Isso vai fazer uma grande diferença na vida dos pacientes", pontua Dr. Cabeto.

Covid-19 no Ceará

Até esta terça-feira (15), o Ceará soma 855.074 casos confirmados de Covid-19 e 21.780 óbitos. Os municípios com maior incidência de casos por 100 mil habitantes são Moraújo (21.446), Frecheirinha (20.750), Acarape (18.246), Eusébio (17.141) e Itaiçaba (17.107).

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As mais contaminadas no Estado são as mulheres nas faixas etárias de 30 a 34 anos (53.337); de 35 a 39 anos (52.620); de 25 a 29 anos (49.322) e de 40 a 44 anos (46.015). Em seguida, estão os homens de 30 a 34 anos (42.851) e de 35 a 39 anos (42.092). Os dados são do Integra SUS, atualizados até 9h13 de hoje (16).

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