"Não dá pra falar em lockdown neste momento", diz secretário da Saúde do Ceará
Para Carlos Roberto Martins, o Dr. Cabeto, estabelecer um novo isolamento rígido seria “precoce”, visto que a situação epidemiológica do Ceará é diferente dos demais estados brasileiros
O retorno ao isolamento social rígido não está nos planos do Governo do Ceará, pelo menos, no momento. Apesar do aumento no número de casos da doença, observado desde os meses finais de 2020, o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Carlos Roberto Martins, Dr. Cabeto, acredita que seria precoce considerar um novo lockdown.
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O secretário avalia que o Ceará tem uma realidade epidemiológica diferente de outros Estados. Em comparação a Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, três unidades da Federação que, segundo ele, vivenciaram cenários menos graves da pandemia, inicialmente, com um número menor de pacientes infectados, e, possivelmente, uma taxa menor de pessoas imunizadas.
“O Ceará tem uma realidade em que o número de testagens é maior proporcionalmente à população. Então os nossos números mostram que é possível fazer medidas de forma pontual com mais eficiência", afirma o doutor Cabeto. "O fato de o Estado semanalmente se reunir com a comissão técnica e tomar decisões em cima disso tem propiciado a gente não estabelecer lockdown precoce”.
Contudo, para sustentar um cenário em que o isolamento social rígido não volte a ser obrigatório, o secretário reforça que é crucial manter o uso de máscaras e evitar grandes aglomerações, principalmente em ambientes fechados.
“Estou falando principalmente para aqueles que têm menos de 40 anos, que podem infectar pessoas de maior risco, e fazer um quadro epidemiológico diferente no Ceará”, alerta. Tais medidas também contribuem, diz ele, para manter o funcionamento da economia e permitir a reabertura das escolas públicas.
Ainda nesta semana, em entrevista ao Sistema Verdes Mares, o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, declarou que na falta de uma vacina e outras terapias medicamentosas, o lockdown é “a única medida possível para evitar o colapso do sistema de saúde”.
Para Cabeto, porém, é preciso considerar as particularidades do cenário no Estado. “O Ceará tem sim ascensão do número de casos restritos, principalmente em Fortaleza, à Regional II. Não é proporcional ao aumento da mortalidade, mas eu entendo que o Nicolelis trata de uma forma global. Acho que, em relação ao Ceará, isso é um pouco precoce”, reforça.