Mesmo com a pandemia, 37 cidades cearenses registram menos mortes que em 2019

Total de mortes gerais em municípios como Potiretama e Altaneira caiu mais de 25% em 2020, conforme o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Em 2020, Altaneira registrou 14 mortes a menos que em 2019
Foto: Agência Diário/João Alves

Apesar da pandemia de Covid-19 abreviar mais de 10 mil vidas ao longo de 2020, 37 municípios do Ceará registraram menos mortes no ano passado, ante 2019. É o que apontam registros preliminares do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponibilizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.

Na contagem, são incluídos não somente óbitos decorrentes do coronavírus, como também qualquer tipo de morte. Seja provocada por outras infecções virais ou parasitárias, doenças crônicas, óbitos infantis e maternos, causas externas, como violência e acidentes, entre outras. 

De acordo com o Ministério da Saúde, no entanto, os dados referentes a 2019 e 2020 são prévios e estão sujeitos a alterações devido a prazos legais para a alimentação do sistema. 

Potiretama foi o município do Ceará a registrar a maior queda (-42,85%) de mortes de 2019 para 2020, passando de 21 para 12 registros. Ou seja, nove a menos. Em seguida, vem Altaneira (-27,45%), com 51 e 37 óbitos, nos respectivos anos; e Catunda (-23,43%), com 64 e 49. 

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Palmácia, Independência, Aurora, Quixelô, Iracema, Irauçuba, Santana do Cariri, Guaramiranga, Canindé e Barbalha também aparecem na lista dos municípios com queda de mortes no período acima mencionado.

Conforme a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em 2020, Potiretama somou 2 óbitos por Covid-19, Altaneira, 6; e Catunda, 8.  

Estabilidade e crescimento 

Dados do SIM apontam que Granjeiro, Ararendá, Amontada e São Gonçalo do Amarante, por sua vez, mantiveram o número de mortes em 2019 e 2020: 20, 67, 141 e 289, respectivamente.

Apesar do recuo e estabilidade de óbitos nos 41 municípios, os 143 restantes viram a mortalidade geral avançar. Em todo o Ceará, houve 11.763 mortes a mais em 2020, ante 2019. O que representa um aumento de 20%.

Dentre todas as cidades, Aratuba aparece em situação mais crítica, com salto de 38 mortes em 2019 para 79 em 2020. O número, portanto, mais que dobrou, atingindo uma variação de 107,89%.

Jaguaribara e Senador Sá aparecem na sequência, com crescimentos respectivos de 85,29% e 80% no número de mortes.

Subnotificação pode justificar queda

Embora considere necessário "se debruçar" sobre os números para melhor pormenorizá-los, a professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e doutora em Saúde Coletiva, Maria Rocineide Ferreira da Silva, aponta que a queda de mortes gerais nos 37 municípios cearenses pode ter como justificativa a subnotificação. E, consequentemente, da alimentação desses dados, seja em âmbito municipal, estadual ou mesmo federal. 

Muitas pessoas estão morrendo em casa nesses municípios, principalmente os de pequeno porte. E as pessoas também estão com medo de circular por causa da Covid. Estão demorando, inclusive, a procurar ajuda, os serviços de saúde com medo de se contaminar [pelo coronavírus]"
Maria Rocineide Ferreira da Silva
Professora de Enfermagem na Uece e doutora em Saúde Coletiva

Com a baixa circulação de pessoas, acrescenta a especialista, também reduz o número de patógenos "que elas por si só carregam". Ela ainda atenta para aquelas doenças "já negligenciadas", antes mesmo da pandemia, e "tidas como doenças da pobreza".

"A gente sabe que tuberculose, hanseníase são doenças que não são faladas. Elas não reduziram. Será que nesses municípios essas doenças que já eram habitualmente negligenciadas, que matavam, deixaram de existir?", questiona. 

 

 

 

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