Média de solicitações diárias por UTI de Covid ou síndrome respiratória passa de 8 para 28 no Ceará

Aumento da demanda acontece entre dezembro e janeiro coincidindo com período de maior transmissão da doenças respiratórias

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
UTI
Legenda: Transferências de pacientes acontecem para o tratamento em estrutura adequada de atendimento conforme quadro clínico
Foto: Wandenberg Belém

Todo dia, em média, 28 cearenses são identificados como pacientes que precisam de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por Covid-19 e síndromes respiratórias, ao longo deste mês de janeiro. No último mês, esse grupo era de 8 pessoas por dia. O aumento na demanda acontece em meio à maior transmissão da Covid-19 pela variante Ômicron.

Janeiro registra 785 pedidos por vaga em UTI até esta quinta-feira (27), como também apresentam os dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), disponíveis na plataforma IntegraSUS. No mês passado, o total foi de 243. Isso significa aumento de 223.04%, ou seja, mais que o triplo.

O quadro mais atual mostra que 131 pacientes aguardavam transferência para enfermarias e 57 para UTIs, até a tarde de quinta-feira (27) de pacientes com Covid-19 ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

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Esses deslocamentos acontecem para levar os pacientes à estrutura mais adequada, conforme o quadro clínico identificado. “Às vezes, a unidade que está paciente não tem todo o suporte necessário para o atendimento completo. Precisa de uma unidade que tenha mais recursos”, explica Luiz Guilherme Costa, coordenador da Regulação do Estado.

Na prática, o paciente é avaliado por um médico do local onde é feito o primeiro atendimento e, havendo necessidade de realocação, é feita solicitação de transferência por meio do sistema de regulação do Estado.

“Aqui na Central de Regulação nós temos médicos que avaliam os casos de acordo com as informações necessárias para classificação e para dizer qual unidade é mais adequada para esse paciente a ser transferido”, detalha Luiz Costa.

Os registros de solicitações por vagas em enfermarias e em UTIs são comumente maiores do que as confirmações realizadas nas unidades de saúde.

Isso acontece, como explica o coordenador de regulação, porque há casos em que o quadro clínico do paciente não permite uma transferência imediata.

“A regulação e a transferência de pacientes é um processo muito complicado e delicado. Existem questões que precisam ser respeitadas em relação à segurança do paciente, à qualidade do transporte”, frisa.

Janeiro registra a confirmação, em média, de 15 leitos de UTI por dia - valor bem acima das 4 vagas confirmadas por dia em dezembro. Ao todo, 393 confirmações de pacientes foram feitas nesse tipo de leito até o momento deste mês. Em dezembro, foram 140.

“Hoje, nós temos uma premissa que o paciente com Covid ou com síndrome gripal deve ter um tempo de regulação máximo de até 24h”, detalha. O coordenador acrescenta que, “na maioria dos casos”, esse tempo consegue ser cumprido.

Taxa de ocupação de UTIs por macrorregião de saúde:

  • Fortaleza: 76,97%
  • Cariri: 63,86%
  • Sertão Central: 96,67%
  • Litoral Leste/Jaguaribe: sem leitos ativos
  • Sobral: 90,63%

Alta transmissão e aumento na demanda

O crescimento nos pedidos por leito de UTI acontece à medida em que se observa alta transmissão do coronavírus, associada à nova variante, além da circulação de outros vírus respiratórios.

“Com a Ômicron e a vacina o percentual de casos graves está sendo bem menor do que com as variantes anteriores”, pondera a médica infectologista Mônica Façanha. A especialista também alerta para a relevância das medidas de contenção da doença para não ocasionar uma sobrecarga no sistema de saúde.

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“Na maioria das pessoas, a infecção está sendo uma doença leve, com coriza, nariz entupido, mal estar, dor no corpo, na garganta e uma febre baixa. Esse quadro dura em torno de 4 ou 5 dias e regride”, detalha. No entanto, o público não vacinado ou com esquema incompleto, além de pessoas com comorbidade, são mais vulneráveis à doença.

Além da imunização, o uso de máscaras do tipo PFF2 contribuem para conter a circulação viral. “O que os estudos estão mostrando é que como a Ômicron se transmite com mais facilidade as máscaras de tecido são menos efetivas”, destaca.

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