Média de atendimentos diários nas UPAs de Fortaleza cai 18% na primeira quinzena de junho

Os primeiros 15 dias do mês contaram com uma média de 620 atendimentos por dia; já a quinzena anterior, em maio, somava 760 atendimentos

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
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Legenda: Especialistas destacam que as medidas de proteção da Covid-19 devem continuar em prática por todos, inclusive entre os vacinados.
Foto: Natinho Rodrigues

Em meio à diminuição dos casos da segunda onda de Covid-19 no Estado, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza contaram com queda de 18% nos índices de atendimentos diários nos locais. Na primeira quinzena de junho, foram contabilizadas 620 assistências por dia. Já na quinzena anterior, de 16 a 31 de maio, as unidades dispunham de 760.

Os dados do IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa), contabilizaram ainda um decréscimo nos atendimentos diários por Covid-19 nessas unidades de saúde, com 712 assistências registradas na segunda quinzena do mês passado e 579 na primeira quinzena do mês atual.

Além disso, o número geral de atendimentos também tem sido menor. De 1º a 15 de junho, 9.301 atendimentos foram realizados nas UPAs da capital. Destes, 8690 foram pelo coronavírus (93,43%). No período anterior - de 16 a 31 de maio -, os locais tiveram 12.162 assistências totais e 11.402 por Sars-Cov-2 (93,75%).

De acordo com o chefe de equipe da UPA do Bom Jardim, Francisco Mendonça Júnior, de fato, a diminuição tem sido notada nas unidades. “A gente tem observado um padrão de redução importante da busca por pacientes com sintomas gripais, pacientes com Covid-19, principalmente na forma grave [da doença]”.

Mendonça relata ainda que há diferenças significativas entre os atendimentos atuais no local, com o retorno de pacientes com sintomas que, antes da pandemia, eram comuns e que, depois da alta de casos da infecção viral, em 2020, praticamente desapareceram.

Coisas mais banais do dia a dia, como vômitos, diarreias, dor lombar, dor torácica, etc que as pessoas, por medo de aglomerar, acabavam não buscando essas emergências. Hoje, motivadas pela redução dos casos, pelo número maior de vacinas aplicadas, isso tem feito com que esses pacientes ressurjam aí nos prontos-socorros do Estado”
Francisco Mendonça Júnior
Chefe de equipe da UPA do Bom Jardim

Esse foi o caso da pesquisadora de mercado Célia Azevedo, de 48 anos, que foi atendida em maio, na UPA do Edson Queiroz, devido à crise de enxaqueca. “Geralmente eu tomo remédios em casa, mas, quando a crise é muito forte, aí eu tenho que ir pra UPA pra tomar um remédio na veia”.

Célia destaca que sempre costuma buscar atendimento nas UPAs, porque não tem plano de saúde. “Na minha opinião, o atendimento é sempre bom. Eu cheguei com muita dor e com a pressão alta, fiz a ficha e esperei a triagem, não tinha ninguém na minha frente. Aí recebi a pulseirinha amarela e esperei na sala pra depois ser chamada pro consultório”.

Em fevereiro desse ano, a pesquisadora teve ainda que ir durante duas semanas diariamente na UPA por causa de uma infecção que adquiriu. “Eu peguei uma bactéria erisipela - infecção na pele - e eles queriam me internar porque a infecção tava muito avançada”.

No entanto, por conta do medo em torno da segunda onda de casos da Covid-19, Azevedo optou por realizar o tratamento em casa. “E aí todo dia, durante 14 dias, eu ia na UPA tomar uma injeção de antibiótico e graças a Deus deu tudo certo”.

Segundo o chefe de equipe da UPA do Bom Jardim, Francisco Mendonça Júnior, a segunda onda pandêmica gerou um perfil diferente de pacientes na unidade. “A gente passou a receber muitas pessoas jovens, sem comorbidades e que inexplicavelmente evoluíram para uma forma grave [da Covid-19], inclusive, com óbitos".

Foi extremamente impactante pra gente ver essa diferença no padrão dos atendimentos. A gente estava acostumado, no começo da doença, com o paciente idoso, com comorbidades prévias e diversas doenças associadas”
Francisco Mendonça Júnior
Chefe de equipe da UPA do Bom Jardim

Mendonça explica ainda que, de modo geral, o trabalho realizado durante a alta de casos da doença, geralmente, sobrecarrega os profissionais da saúde. “O trabalho de quem se envolve com esses serviços de emergência é sempre muito difícil, ele nunca é simples, nunca é fácil, mas uma pandemia traz pra gente um desgaste físico e emocional muito grande, né?”.

O chefe de equipe da UPA pontua também que, agora, com o avanço na Campanha de Vacinação, está esperançoso que a situação permaneça controlada na região, com “uma manutenção da redução do número de novos casos e de pessoas que buscam as emergências com sintomas gripais por acometimento da Covid-19”.

Para o imunologista e professor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC), Edson Teixeira, o impacto da vacinação já é muito visível. “Se a gente pegar a incidência de Covid-19 nos profissionais de saúde na primeira onda e agora - com eles vacinados - há uma queda abrupta de mortes, de internações e de reinfecções, que é uma coisa muito comum nesse grupo”.

“Isso é observado não só aqui no Ceará, mas em todo o Brasil e em todo o mundo. E é por isso que agora a gente não ouve falar tanto [desses casos], justamente por esse grupo ter sido prioridade na vacinação e, hoje, com as duas doses, estarem mais protegidos”, prossegue o especialista.

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