Mães de vítimas de violência policial realizam ato cobrando justiça

Mulheres promoveram protesto na tarde deste sábado (17) para cobrar resolução dos casos

Escrito por Felipe Mesquita e Kilvia Muniz , metro@svm.com.br
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Legenda: Mães de vítimas de ocorrências policiais no Ceará protestaram na tarde deste sábado (17)
Foto: Camila Lima

Mais de sete anos já se passaram desde o assassinato da filha, à época com 19 anos, mas para Sandra Salles, a dor e o pedido de justiça ainda fazem morada. "Eu não gerei um filho para o Estado matar", desabafou, durante uma manifestação na tarde deste sábado (17) com outras mães que perderam filhos em intervenções policiais. 

O ato, que reuniu familiares e amigos de vítimas, ocorreu na Praça Manoel Dias Branco, no bairro Ellery, onde Ingrid Mayara Oliveira Lima, 19, e Igor Andrade, de 16 anos, foram mortos por tiros disparados por militares em fevereiro de 2013, durante um pré-carnaval. 

A busca por Justiça para que os dois PMs envolvidos no duplo homicídio sejam presos é também uma prece pela vida, diz Sandra. O medo de perder o casal de filhos para a violência policial a faz lutar diariamente. 

"Eu não paro de lutar porque tenho dois filhos, um de 22 e outra de 24. Amanhã podem ser eles novamente", teme. "A gente tem que gritar alto para que novas leis aconteçam, que eles sejam punidos e parem de nos matar". 

Apelo

Leidiane Rodrigues, mãe de Mizael Fernandes da Silva, morto no 1º de julho em Chorozinho, também esteve no ato "em busca de Justiça". Não só pelo filho, mas também em nome da dor de todas as vítimas, considera. O adolescente de 13 anos, sem antecedentes criminais, morreu com tiros de arma de fogo de policiais. 

"O que eles fizeram comigo, eles acabaram com tudo. Meu filho ia me dar orgulho, e esse policial fez o favor de entrar numa casa e simplesmente matá-lo. Me dói muito não ter meu filho hoje", lamenta, com a voz embargada.

Um inquérito da própria PM concluiu que os militares atiraram em Mizael por "legítima defesa". Contudo, Leidiane nega essa versão, alegando que o filho estava dormindo com as "duas mãos para cima" no momento do crime. 

"Meu filho era lindo, não merecia o que esse policial fez. Eu vou até o fim do mundo, se possível, atrás de justiça. Aqui é só o começo. Eles não têm noção o que é perder um filho", afirma. 

União

Para Edna Souza, mãe de Alef Souza Cavalcante, de 17 anos, uma das 11 vítimas da Chacina do Curió, em novembro de 2015, o desejo de todas as mães é por uma polícia que atue em defesa da vida. 

"Somos mães e temos que unir forças e reivindicar. Queremos uma polícia de homens íntegros, que tenham sentimentos de pais, filhos e esposos", clama.  

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