Incêndios residenciais cresceram 48,2% entre abril de 2020 e de 2021 em Fortaleza
Nos primeiros quatro meses de 2021 foram registrados 259 incêndios em residências da Capital
Apenas no mês de abril de 2021, 83 incêndios residenciais foram registrados pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) em Fortaleza. O número é 48,2% maior do que a quantidade observada no mesmo mês de 2020, que teve 56 ocorrências. O total de incêndios vinha sofrendo queda até março, mas voltou a aumentar em abril.
Segundo o tenente coronel Wagner Maia, chefe do Comando de Engenharia de Prevenção de Incêndio (CEPI/CBMCE), o aumento está sendo estudado pelo setor. Uma das hipóteses discutidas é uma maior exigência de instalações elétricas já deficitárias devido ao maior tempo de uso de eletrodomésticos durante a pandemia, já que as pessoas passam mais tempo em casa. No entanto, ainda não há consenso sobre a causa.
“Eu acho que não só a presença das pessoas é suficiente para deflagrar isso, mas acho que vem associado a outros problemas também. A gente tem uma estatística que diz que a grande maioria dos incêndios acontece por fenômenos elétricos, curto circuitos”, afirma.
Ao mesmo tempo, as vistorias realizadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) diminuíram durante os meses mais graves da pandemia. Em abril de 2021 foram feitas 1.487 vistorias, enquanto no mesmo mês de 2020 foram 314.
Apesar do número ter aumentado neste ano comparado ao primeiro ano de pandemia, os dois registros ainda são inferiores ao catalogado em abril de 2019, quando 3.269 vistorias foram realizadas. Wagner explica que o número de vistorias foi diretamente afetado pelos períodos de isolamento social rígidos, necessários para diminuir a transmissão do coronavírus.
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Na manhã desta quinta-feira (6), mais um incêndio ocorreu em Fortaleza, em um apartamento localizado na avenida Beira Mar. O fogo atingiu closet, banheiro e um quarto, e não se alastrou para os demais pavimentos. Ninguém ficou ferido.
Incêndio destruiu casa de enfermeira
A fiação antiga foi a principal causa do incêndio que acometeu a casa da enfermeira Andreia Braga da Silva, no bairro Antônio Bezerra. No dia 14 de abril, ela estava trabalhando quando soube que um curto-circuito espalhou fogo pela sala e por dois quartos da casa onde morava. Os dois filhos adolescentes e a mãe dela de 70 anos não tiveram ferimentos.
“A gente não sabe nem quando volta”, lamenta Andreia. Morando na casa herdada do pai há mais de 30 anos, nunca fizeram reformas. Com o incêndio, grande parte das telhas e das paredes ficaram comprometidas, fazendo com que fosse impossível a família continuar a viver lá. “Conseguimos comprar tijolos e telhas por causa de doações, mas não conseguimos construir ainda”.
A única melhoria feita na casa até o momento foi a troca da fiação, para que não houvesse risco de incêndios novamente. Andreia espera conseguir pagar pedreiros nos próximos dias para conseguir voltar para o lar, já que agora passa a maior parte do tempo no trabalho, como cuidadora de uma idosa, e os filhos ficam na casa de uma tia. “A gente estar na casa dos outros é muito ruim, mesmo sendo da família ainda sente incômodo”.
O que fazer em caso de incêndio
O tenente coronel Wagner orienta que, em caso de incêndios residenciais, as pessoas evacuem o local o mais rápido possível, dando atenção para a retirada também de pessoas com mobilidade reduzida. Depois de sair, é necessário acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo número 193. “Cada minuto no local vai fazer grande diferença para você preservar o patrimônio e até salvar vidas também”, explica.