Fortaleza tem 70% de capacidade para atender vítimas de desastres, aponta pesquisa internacional

O resultado alcançado na capital cearense demonstrou maior eficiência nos atendimentos de transporte, pré-hospitalar móvel, seguidos do hospital

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Desmoronamento
Legenda: O projeto usa um formulário para avaliar o desempenho de uma cidade na atuação em catástrofes como desmoronamentos ou terremotos
Foto: Helene Santos

Um estudo realizado pelo Núcleo de Urgência e Emergência Pré-Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (NUEMPH/UFC) em parceria com instituições internacionais concluiu que Fortaleza teria uma eficiência de cerca de 70% na resposta de emergência a uma possível catástrofe, o que configura um nível moderado.

O projeto é coordenado pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que escolheu a capital cearense para representar o Brasil. A pesquisa também envolve o Paquistão e a Nigéria. 

Para concluir o projeto, intitulado “Medindo a Capacidade Urbana para Crise Humanitária: Dirigindo uma Ferramenta de Avaliação da Resposta do Sistema de Saúde Urbano”, foi criado um método chamado “CAMERA” (do inglês City's Assessment for Mass Casualty Emergency Response / Avaliação da Cidade para Resposta a Emergências em Massa), uma espécie de formulário para avaliar o desempenho de uma cidade na atuação de uma catástrofe de qualquer natureza, seja o desmoronamento de um prédio ou um terremoto.

Metodologia

O coordenador do NUEMPH e responsável pelo estudo no Ceará, o professor Rogério Giesta, explica que há duas formas de realizar a pesquisa.

“O formulário pode ser feito tanto em questionamento para os líderes da cidade, da saúde, da segurança, e ele pode ser aplicado em um simulado. A gente faz o simulado de incidente com múltiplas vítimas, e nesse simulado a gente tem os observadores que vão pontuar aquelas questões chaves no local do incidente, no hospital, na ambulância, na gestão, no gabinete de crise. Eles vão checando o que aconteceu de correto ali e o que pode melhorar, que não foi 100%”. 

O projeto foi iniciado em 2019 ,e por conta da pandemia do novo coronavírus, não foi possível realizar o teste simulado. A proposta era reproduzir o desabamento de um prédio no Campus do Pici em março de 2020, o que foi impedido pelo lockdown. Mesmo assim, a análise observou cada ponto do sistema pré-hospitalar, da gestão da prefeitura e do hospital.

“E aí vai dar pontuações especificamente para cada um deles para saber qual ponto do hospital que pode melhorar, por exemplo a quantidade de profissionais, melhorar a radiologia do hospital. Isso já foi apresentado para a prefeitura, quais são os pontos que podem ser melhorados, quais que estão próximo da perfeição”, informa o coordenador.

"Resultado muito bom"

O resultado alcançado em Fortaleza demonstrou maior eficiência nos atendimentos de transporte, pré-hospitalar móvel, seguidos do hospital. “O objetivo ideal a gente não vai conseguir, é uma coisa que acredito que nem em países do primeiro mundo é possível. Para o Brasil, para a média, a gente está com um resultado muito bom”, afirma Rogério.

Na próxima terça-feira (27), às 8h30, a equipe de realizadores participará de um encontro para apresentar a ferramenta CAMERA à universidade norte-americana e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de todos os países participantes da pesquisa e de sua central de Genebra, na Suíça.

O evento tem participação aberta, por meio de inscrição em formulário eletrônico, e contará com tradução simultânea para o português. “Eles consideraram, durante o desenrolar da pesquisa, que Fortaleza foi muito bem e eles criaram uma expectativa de que o pessoal do Brasil ia participar muito, em peso. Vai ter tradução simultânea só para o portugues”, destaca Rogério.

A previsão é que em 2024 seja realizado um novo estudo em Fortaleza para fazer um comparativo com os resultados de 2021.  

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