Fortaleza concentra 43% das mortes por Covid-19 no Ceará

Em março de 2021, mais da metade de todos os óbitos do Ceará também foram registrados na Capital

Escrito por Redação ,
Profissionais levando caixão para dentro de carro na frente de hospital
Legenda: Especialista explica que concentração de casos é relacionada a densidade populacional
Foto: Kid Júnior

Desde o início da pandemia, Fortaleza foi considerada o epicentro do contágio no Ceará, concentrando grande parte dos óbitos e casos de Covid-19 do Estado. De acordo com dados da plataforma Integrasus, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), até esta quarta-feira (24), a Capital registrou 43,1% das mortes que ocorreram no Ceará pela doença (5.627 de 13.048) e 30,3% dos casos confirmados (155.192 de 511.170). 

Tanto na primeira como na segunda onda, Fortaleza continua sendo o município com maior número de mortes e registrou em ambas, a mesma proporção de óbitos em relação ao total do Estado (43%). De janeiro a setembro de 2020, foram 4.004 mortes em Fortaleza e um total de 9.308 no Ceará. Já de outubro até este mês de março, 1.623 das 3.754 mortes do Estado ocorreram na Capital. 

Em apenas 23 dias de março de 2021, o Ceará registrou 1.191 mortes por coronavírus. Desses óbitos, 612 ocorreram em Fortaleza, ou seja, a Capital concentrou 51% de todas as vidas perdidas nesse mês.

Densidade populacional como principal fator

Segundo a epidemiologista Daniele Queiroz, por Fortaleza ter mais habitantes, é natural que ocorram mais casos. “Em Fortaleza, a transmissão pode ocorrer de maneira mais exponencial pelo número de pessoas que vivem aqui, e pelo adensamento populacional”, explica.

A especialista afirma ainda que a cidade tem características muito diferentes dos municípios do Interior, o que agrava a situação de transmissão do vírus. “Aqui a gente tem aglomerados populacionais e favelas, muitas pessoas vivendo em uma mesma residência. E isso impacta a transmissão, principalmente, quando a gente fala de pessoas que não conseguem aderir às medidas de lockdown porque têm que se manter ativas nos trabalhos”.

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A Capital está em regime de isolamento rígido, ou lockdown, desde o dia 5 de março. O regime deveria ter duração de apenas 15 dias, mas já foi prorrogado duas vezes e tem previsão de término no dia 28 de março. A suspensão de serviços não essenciais ainda pode durar mais, dependendo da renovação dos decretos governamentais. 

Número de casos já é maior na 2ª onda do que na 1ª

O número de casos de Covid-19 em Fortaleza na segunda onda já atinge a marca de 95.515. Durante a primeira onda, foram 59.677 casos registrados da doença na Capital. Apesar disso, o número de mortes do primeiro pico não foi ultrapassado. Para Daniele, é preciso compreender que há uma distância de cerca de 20 dias ou mais desde o momento em que a pessoa pega a doença e o momento do óbito.

“Então, a gente viu o crescimento exponencial de casos e, com certeza, infelizmente, daqui a pouco a gente vai perceber esse crescimento exponencial de mortes”, afirma.

 

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