Farol deve passar por restauração

Escrito por Redação ,
Grupo de Trabalho formado por diversos órgãos vai decidir como será feita ação; ainda não há prazos

Um dos principais equipamentos históricos de Fortaleza, o Farol do Mucuripe, enfim, passará por restauro e deverá se tornar novo ponto de atividades culturais e turísticas da cidade. Essa é a promessa dos órgãos envolvidos diretamente com a edificação: a Superintendência do Patrimônio da União (SPU), secretarias de cultural do Estado (Secult), de Fortaleza (Seculfor), da Regional II (SER II) e Capitania dos Portos.

Farol do Mucuripe, alvo de polêmica nos últimos dias devido a uma intervenção com grafite, está em situação precária de conservação há anos FOTO: KIKO SILVA

O "todos em defesa do velho farol" foi resultado do encontro que uniu representantes desses órgãos, realizado na manhã de ontem, na sede da SPU. A reunião, a portas fechadas para a Imprensa, durou 1h30. Ali, foram avaliadas todas as responsabilidades e formado um Grupo de Trabalho (GT), sob a coordenação do superintendente da SPU, Jorge Queiroz. Esse GT vai estudar como será feita a restauração e quem irá gerir, a partir de então, o uso do prédio. Por enquanto, ele não deu prazo para a apresentação do projeto.

Segundo Jorge Queiroz, a ideia é ter a participação intensa do governo do Estado e Prefeitura nesse processo. O imóvel está sob domínio da SPU. No entanto, o Farol foi tombado pelo governo cearense, em 1983. Apesar disso, a Secult não exerce qualquer ingerência administrativa sobre o equipamento. Mesmo assim, destaca o titular da Secult, Paulo Mamede, a secretaria tem o dever de propor a adoção de medidas para a preservação do bem e ser um dos protagonistas desse esforço.

A última reforma do Farol ocorreu em 1982, um ano antes de ser tombado. Passados mais de 30 anos, o equipamento encontra-se em situação precária de conservação, conforme relatório de uma visita técnica realizada no último dia 20 de novembro, pela Coordenadoria do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural (Copahc) da Secult. As avarias, apontam o documento, podem comprometer inclusive a estabilidade do prédio, caso providências urgentes não sejam tomadas visando conter o progressivo processo de deterioração nas paredes internas e externas, nas esquadrias e na escada de ferro fundido.

Perdas

Esse não foi a única avaliação sobre o estado do equipamento. Como cabe à Secult, por meio da Copahc, realizar as vistorias relativas à manutenção e observação quanto ao estado de conservação da edificação, em 2011, a Coordenadoria já havia identificado "sérios problemas estruturais, carecendo de uma revisão geral" e sugerido medidas, como o início do processo de recuperação e apresentação do projeto de restauração do imóvel.

Segundo a Secult, passado dois anos, como a situação do prédio só se agravou, a sua interdição é necessária até mesmo para preservar a integridade física de eventuais frequentadores.

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História

O Farol do Mucuripe teve sua planta aprovada em 1829 e foi edificado entre 1840 e 1846. É um marco na história do Ceará, não só no aspecto físico, como também econômico. O farol passou por um incêndio em 1846, reformas em 1872, e em 1957, foi desativado por ter se tornado obsoleto. O espaço foi recuperado e restaurado entre 1981 e 1982, com projeto da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da então Secretaria de Cultura e Desporto do Estado, ficando a obra sob a responsabilidade técnica da Secretaria de Obras do Estado do Ceará (Soec).

FIQUE POR DENTRO

Equipamento é símbolo desde a colonização

Construído em 1840, o Farol do Mucuripe remonta a colonização. Ruínas de um antigo forte com quase 200 anos foram descobertas atrás do farol, na década de 80. Acredita-se que pertencem ao Forte de São Luiz, erguido em 1801, sendo considerado por historiadores, como a segunda mais antiga construção do Ceará.

O equipamento foi tombado pelo Estado, por meio do decreto 16.237, de novembro de 1983. O Farol está no pôster que divulga Fortaleza como uma das sedes da Copa de 2014.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER
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