Famílias que tiraram comida do lixo recebem doação na véspera do Natal: 'vou caprichar na ceia’

Após comover-se com situação, Mônica Saraiva, brasileira residente há 25 anos na Alemanha, doou salário de dezembro para compra de cestas básicas

Escrito por Redação ,
Legenda: Famílias recebem doação feita pela brasileira Mônica Saraiva
Foto: Fabiane de Paula

Quando o espírito natalino toca o coração, é melhor ouvi-lo. E assim fez Mônica Saraiva, brasileira residente há 25 anos na Alemanha. Na manhã desta sexta-feira (24), por intermédio do amigo Joaquim Rolim, entregou cestas básicas para 12 famílias, algumas estiveram presentes na cena que repercutiu em todo o País pela busca por comida em caminhão de lixo em Fortaleza.  

Após ver os vídeos que circularam o mundo via internet, Mônica contou ter ficado ‘chocada’ e se comoveu pensando no que poderia fazer para contribuir com essas famílias. “A gente não pode resolver todos os problemas do mundo, mas temos que fazer o que está ao nosso alcance”, disse Mônica, em entrevista, por meio de chamada de videochamada, ao Diário do Nordeste, durante a entrega das cestas. 

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Da Alemanha, tomou uma decisão: destinar o salário de dezembro para comprar insumos para 12 famílias em situação de vulnerabilidade daqui. Com isso, a cearense garantiu quatro meses de cestas básicas para essas pessoas.  

“Estou muito feliz por poder fazer isso, porque essa é uma corrente de solidariedade que é apenas uma semente. Eu espero que motive outras pessoas a fazerem a mesma coisa, essas famílias precisam muito pra que não tenham que procurar comida no lixo, isso é muito triste, não podemos deixar isso acontecer mais”.   
Mônica Saraiva

Comida para ceia

Entre as contempladas com a doação está Sandra Holanda, de 57 anos, que afirmou estar muito grata com o ato. “Eu também ajudo as minhas filhas, reparto com elas. Tô muito grata, há muitos anos sou daqui do lixão. Por exemplo, lá em casa eu tinha feijão e arroz, mas não tinha o tempero, mas ontem comprei uns ovinhos e nós comemos”, relata.  

Legenda: Dona Sandra diz que, com a cesta, vai poder fazer uma ceia de Natal
Foto: Fabiane de Paula

“Tô muito feliz por esse pão de cada dia, esse Natal que tão dando. Vou caprichar na ceia hoje, vão minhas filhas e os netos”. 
Sandra Holanda
desempregada

A esperança agora é de dias melhores com o carrinho de lanches que ganhou para começar a trabalhar vendendo cachorro-quente. Segundo ela, em janeiro as atividades começam, no entanto, a preocupação é outra: “o meu já tô despreocupada, agora é o das outras, vamos esperar o delas”.  

Sobrevivendo do lixo 

Para Jocasta Batista, de 31 anos, a ajuda é muito bem-vinda, mas não suficiente. Com três filhos pequenos e desempregada, ela relata estar sobrevivendo do lixo e de doações. “Tô desempregada, as contas atrasadas, tô indo pro sinal atrás de qualquer coisa, meus filhos querem saber se tem o que comer”.  

Legenda: Desempregada, Jocasta Batista tem sobrevivido de doações
Foto: Fabiane de Paula

Jocasta, que trabalhava nos Serviços Gerais de uma empresa, perdeu o emprego logo início da pandemia e, desde então, não conseguiu se recolocar no mercado de trabalho. “Sou mãe solteira, não tem nem como ir atrás de emprego, porque não tem escola pra botar meus filhos nem com quem deixar. Tenho sobrevivido à base do lixo e de doações”, conta.  

 De acordo com a mulher, logo quando a situação das famílias catadoras de lixo viralizaram, tiveram muitas doações, mas depois foram diminuindo. “A doação de hoje vai ser de muita ajuda, minha filha adora um frango cozido” 

“Eu quero mesmo é um emprego, ter as contas em dia, seu filho quer alguma coisa você vai na bodega e compra, eles me pedem um achocolatado e não posso comprar porque não tem dinheiro”.  
Jocasta Batista
desempregada

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