Elementos lúdicos valorizam os espaços urbanos e estimulam novos usos

Intervenções como a maior amarelinha do Brasil despertam o lado lúdico da vida urbana

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: A maior amarelinha do Brasil foi inaugurada no último mês de agosto
Foto: Divulgação

Com 180 metros, passando por três ruas e com 400 quadradinhos, a maior amarelinha do Brasil, em Fortaleza, recupera memórias afetivas do brincar pelas ruas dos bairros e abre espaço para se pensar a importância do lúdico no espaço urbano.  

As brincadeiras de criança sempre fizeram parte da vida urbana, contribuindo para o fortalecimento de laços comunitários e a construção da identidade e memórias de um lugar. “A implantação de elementos lúdicos é essencial ao espaço urbano que se propõe estimular o convívio em grupo e entre grupos”, pontua Fernanda Rocha, arquiteta e urbanista, professora e pesquisadora da Universidade de Fortaleza (Unifor). 

Ao criar, diversificar e valorizar os espaços públicos com elementos lúdicos, as cidades recebem novos sentidos, novos usos e estimulam a convivência coletiva. “A cidade ganha vitalidade, diversidade e presença da expressão do individual e do coletivo. Os cidadãos ganham civilidade, gentileza, compreensão das diferenças e a possibilidade de colaboração e de construção de novos olhares”, argumenta a professora.  

Como observa a urbanista, para além de áreas de lazer, o lúdico no espaço urbano também está na possibilidade de subverter determinado lugar em local de brincadeira e arte.  “Se mantivermos um olhar sensível, todos os espaços livres, especialmente aqueles públicos, de livre acesso e bem mantidos, pois até mesmo uma calçada bem dimensionada, com um desenho de piso movimentado, pode proporcionar a expressão de atividades lúdicas”, pontua Fernanda Rocha.  

Cidades que inspiram 

Em São Paulo, cita a arquiteta, alguns espaços são exemplos de como o lúdico subverteu o uso deles. “O caso do vão do MASP, pensado como grande espaço livre, pela grande arquiteta Lina Bo, na Avenida Paulista: um espaço público, aberto, sem muitos equipamentos, mas que possibilita a ocorrência desde rodas de capoeira entre jovens e adultos, criançada correndo, brincando sozinhas ou em pequenos grupos, subindo e descendo bancos que servem também ao descanso e à contemplação, a pequenas competições de dança, e toda sorte de expressões lúdicas que não abarcaríamos aqui”, ilustra.   

Em outra perspectiva, diz a professora, o Minhocão ou Elevado Costa e Silva, recentemente renomeado Presidente João Goulart, também em São Paulo, foi pensado “na contramão de uma boa urbanidade, visto que divide espaços urbanos, causa transtornos às edificações vizinhas e faz os moradores do local vítimas de uma visão essencialmente rodoviarista, vem sendo fechado ao tráfego de automóveis e recebendo grande diversidade de usos lúdicos em dias específicos da semana. Deste modo creio que o mais importante seja a manutenção da criatividade dos planejadores, projetistas e de todos os cidadãos na subversão dos usos de certos espaços livres, sempre na perspectiva do bem comum”, reforça a pesquisadora. 

Cidades como Bogotá, capital da Colômbia, e Mumbai, cidade da Índia, também são inspirações nesse sentido. Ações urbanísticas nessas metrópoles, por exemplo, inspiraram o projeto Cidade da Gente da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), que promove a priorização do pedestre e da segurança viária nos espaços públicos da Capital. Em 2018, o projeto iniciou intervenções nas ruas do entorno do Centro Dragão do Mar, com ruas pintadas, jarros de plantas e bancos, e neste ano, desenhou a maior amarelinha do Brasil.  

Urbanidade 

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