Cursos da Unifor beneficiam os Pitaguary

Uma equipe fez visita técnica à aldeia para identificar o perfil epidemiológico, hábitos e situações de risco

Escrito por Redação ,
Legenda: As professoras Léa Maria Moura Barroso e Mirian Calíope Dantas Pinheiro e alunas do mestrado e da graduação realizaram visita técnica à tribo

O Mestrado Tecnologia e Inovação em Enfermagem e o Curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza (Unifor) realizarão, em 2017, ações na área de saúde com o objetivo de gerar melhorias de qualidade de vida para cerca de 570 indígenas da tribo dos Pitaguary, localizada no distrito de Monguba, em Pacatuba. Nesse sentido, as professoras Léa Maria Moura Barroso e Mirian Calíope Dantas Pinheiro e alunas do mestrado e da graduação realizaram visita técnica à tribo na última sexta-feira (2). Na oportunidade, foram identificados perfil epidemiológico, hábitos culturais e de vida saudáveis, situações de risco e vulnerabilidades dos indígenas.

A professora Mirian Calíope explica que a partir dos dados coletados será elaborado o plano de trabalho para 2017. "A população indígena Pitaguary apresenta os mesmos problemas que as demais aldeias do Ceará, como índices elevados de obesidade, o que pode aumentar os casos de diabetes e hipertensão. Além disso, a situação é preocupante com a falta de cuidados para evitar doenças como calazar e dengue", acrescenta. Ela se refere ao grande número de cães com sarna e de pneus com acúmulo de água da chuva, observados na aldeia.

O curso de Enfermagem da Unifor já tem parceria com a Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) de Pacatuba, para a realização de estágio de alunas do oitavo semestre da graduação. A intenção agora é intensificar essa parceria, com tecnologias a serem desenvolvidas pelas alunas do mestrado. A enfermeira Nicilda Freire, coordenadora da unidade, elogia a iniciativa da Unifor: "Atualmente, já prestamos atendimentos básicos, como prevenção ginecológica, diabetes, hepatite e hipertensão. Mas, com o apoio da Unifor, poderemos fortalecer e ampliar esse atendimento", ressalta. Para prestar esse serviço, a UBSI conta com médico, dentista, enfermeira e auxiliares nas áreas de enfermagem, saúde bucal e vigilância sanitária.

Imersão cultural

Nicilda revela que o pajé da tribo de Monguba é aliado de primeira hora no trabalho realizado pela equipe da unidade. "Sem o apoio do pajé Barbosa, nada seria possível", enfatiza. Além de líder espiritual e político da tribo, o pajé, com a esposa, dona Liduína, e a filha Francilene, receita plantas medicinais e realiza sessões de rezas para os índios doentes que o procuram. "Os indígenas sempre buscam primeiro o pajé Barbosa e só depois procuram a nossa unidade", acrescenta.

A professora Lea Barroso explica que o plano de trabalho da Unifor também vai contemplar pesquisa das ervas medicinais, com o objetivo de mapeá-las, bem como suas aplicações no tratamento de doenças.

A visita de professoras e alunas da Unifor à tribo constou também de encontro com o pajé Barbosa, que as recebeu com cântico indígena e o Toré, dança de boas-vindas e agradecimento pela visita. Dizendo-se misto de padre, psicólogo, médico, raizeiro e líder espiritual dos Pitaguary, pajé Barbosa agradeceu a iniciativa. Ele lembrou o caso de uma criança indígena que morreu afogada em um balde: "Quem sabe se a criança não estivesse viva se a mãe dela tivesse recebido noções básicas de primeiros socorros, se tivesse conhecimento de técnicas de ressuscitação?", poderou ele.

"Não é todo mundo que quer entrar em uma aldeia para ajudar, por isso eu tiro o meu cocar para vocês e para a Unifor", declarou Francilene, filha do pajé Barbosa. Seguidora dos passos do pai, ela também presta atendimentos espirituais aos membros da tribo, além de indicar tratamento com ervas medicinais.

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