Cotonete, palito de pirulito e ponta de cigarro indicam poluição do mar por recreação na Capital
Estudo analisa principais materiais encontrados nas praias de Fortaleza e a origem desta degradação ambiental
Nas praias de Fortaleza, a maioria dos detritos de tamanho pequeno, indicadores das atividades de lazer, são cotonetes, palitos de pirulito e pontas de cigarros, como detalha pesquisa cearense publicada em revista internacional. Os materiais se concentram no Rio Cocó, no Riacho Maceió, na Praia do Futuro e seguem como destino final à Praia Mansa.
As informações foram produzidas no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e publicadas em revista internacional pela editora Elsevier. O objetivo foi classificar o lixo das praias da cidade e entender sua origem, como explica o professor e pesquisador do Labomar, Rivelino Cavalcante. “Foi o primeiro estudo que tentou alinhar a tipologia do plástico à sua fonte, bem como a modelagem de que local da cidade vinha esse tipo de plástico e qual era o destino dele”, destaca.
Para a pesquisa, foram coletados 71,9 kg de detritos encontrados nas praias. Entre os de tamanho classificado como pequeno, os palitos de pirulito (36,8%), as pontas de cigarro (31%) e os cotonetes (29,5%) são os mais encontrados. O pesquisador pondera que os materiais mais comuns nas praias de Fortaleza são plásticos diversos. Porém, com esse recorte foi feita relação das atividades de lazer como fonte de poluição.
“Foi o primeiro paper que revelou que cotonetes e palitos de pirulitos tinham um risco muito grande se não fosse destinado ao local correto porque vai parar no meio ambiente. Serviu como uma excelente traçador da sua fonte. Por exemplo, o cotonete é usado nas casas das pessoas. Como esse material serviu de traçador? Ele mostra que o lixo doméstico não está tendo o destino correto”, explica Rivelino Cavalcante.
Todo o material que se concentra no Rio Cocó, no Riacho Maceió e em toda a extensão da Praia da Beira são levados até à Praia Mansa, como observa o artigo científico. O local, que não recebe banhistas, acumula o lixo levado pelo movimento do mar e do vento. “Atividade recreacionais não são o problema, o problema é a falta de gerenciamento desses resíduos, mas não podemos deixar isso somente à cargo dos governantes. Cada cidadão tem de entender que o que se consome de alimentos, a embalagem é sua responsabilidade”, pondera o especialista.
Ações de limpeza
Em nota, a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) informou que a limpeza da orla da cidade é realizada a partir de serviços executados pela Ecofor Ambiental e por equipes das Regionais em ações diárias. Entre os serviços, são feitas limpezas no calçadão, ruas, canteiros centrais, recolhimento de côcos na faixa de areia e de resíduos. A população pode denunciar o descarte irregular de lixo pelo Canal 156.