Cerca de 600 leitos de Covid foram liberados na Grande Fortaleza

Vagas direcionadas ao tratamento da nova infecção viral têm sido liberadas para enfermidades anteriores à pandemia, de acordo com Dr. Cabeto, secretário da Saúde do Ceará; Estado ainda mantém 1,1 mil leitos específicos

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Legenda: HGF já teve 400 pacientes doentes com o novo coronavírus internados no hospital durante a pandemia
Foto: Kid Junior

Entre as variáveis analisadas pelo Governo do Ceará para flexibilizar atividades sociais e econômicas no Estado, durante a pandemia, está a ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e de enfermarias específicas para Covid-19 - e a procura por elas tem apresentado redução constante. De acordo com Carlos Roberto Martins Sobrinho, o Dr. Cabeto, secretário da Saúde do Ceará, cerca de 600 dessas vagas exclusivas já foram liberadas para outras especialidades, em Fortaleza e na Região Metropolitana (RMF).

"Chegamos a ter 30 leitos de UTI no Hospital São José, hoje são três. Tivemos até 400 doentes com Covid internados no Hospital Geral de Fortaleza, e quase 300 no Hospital de Messejana. Num dia só, registramos mais de 1.500 pacientes internados com Covid, 150 deles com ventilação mecânica, entubados. Houve uma redução muito drástica, e agora é o momento de mudarmos o perfil dessas vagas, darmos prosseguimento à ampliação da rede, para resolvermos grande parte do problema das filas", pontua o secretário.

Contudo, devido às distintas situações de disseminação do novo coronavírus nas cidades do interior, os leitos dessas áreas precisam ser mantidos, bem como alguns da Capital - embora a chance de um novo aumento de casos seja, por hora, "descartada".

"Nas outras regiões além de Fortaleza, precisamos manter esses leitos ativos. Além disso, aqui temos mantido alguns hospitais de campanha, até termos certeza de que a epidemia não vai ter novos picos. Até o momento, não temos qualquer indicador que sugira uma nova onda de casos no Ceará", garante Dr. Cabeto.

Ocupação

O número de cearenses dependentes de UTIs, contudo, ainda é alto: até as 19h04 dessa terça-feira (4), conforme dados do IntegraSUS, 353 leitos públicos de alta complexidade ainda estavam ocupados, em 43 unidades de saúde de todo o Ceará. A quantidade corresponde a 75,9% do total disponível, que, atualmente, é de 465 vagas deste tipo. A taxa de ocupação de UTIs, incluindo as redes privada e filantrópica, é de 69,13%.

Para atender as demandas de baixa e média complexidades, são ocupadas as enfermarias: no Ceará, são 738 vagas públicas disponíveis exclusivas para infectados pela Covid-19, hoje, das quais menos da metade (287) está sendo utilizada. Se incluídos os leitos privados para o mesmo fim, a taxa de ocupação de enfermarias atual do Estado é de 35,8% - no pico da pandemia, a porcentagem se aproximou de 100%, beirando o colapso.

A intensa procura das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) durante a crise sanitária foi refletida em uma pesquisa do Instituto Opnus, realizada entre 23 e 26 de julho com 1.408 cearenses, revelando que mais da metade dos entrevistados que haviam contraído a Covid-19 precisou recorrer a postos de saúde, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou hospitais públicos do Ceará para atendimento.

Até 11 de maio, mês de maior incidência da pandemia em Fortaleza, mais de 2 mil leitos específicos foram criados na capital cearense e no interior do Estado para atendimento de casos de Covid-19. Deste total, 481 foram de UTI e 1.521 de enfermaria. Antes da chegada do novo coronavírus, o Estado contava com cerca de 730 leitos de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a Sesa.

"Uma parte dos leitos de internação para Covid era transitória, e estamos fechando. Nos últimos 30 dias, tivemos redução de mais de 50% do número de pacientes internados em enfermarias e UTIs. Hoje, no HGF, praticamente não tem doente com Covid no hospital, assim como no de Messejana e no César Cals. Estamos direcionando a maioria dos casos para o Hospital Leonardo Da Vinci, e ampliando as outras alas de internação para doenças anteriores. É muito importante dar espaço à população para tratar de outras doenças, como cânceres, infartos e AVCs", frisa Dr. Cabeto.

Concursos

O Secretário da Saúde confirmou ainda a realização de concursos públicos para todos os tipos de profissionais da saúde, a serem alocados em diversas unidades do Estado - incluindo o Hospital Geral de Fortaleza e o Hospital de Messejana, que serão os primeiros a receber os certames. A Fundação de Saúde do Ceará definirá plano de carreira e "valores justos de salários", conforme o titular da Sesa, processo que retarda a liberação de editais, mas deve ser finalizado até setembro.

Retorno de setores

Os 5% das atividades econômicas que ainda não reabriram no Ceará, incluindo bares, cinemas e eventos podem retornar em setembro a depender da realidade epidemiológica do Estado, segundo estima Cabeto. Para ele, neste momento, qualquer atitude imprudente pode significar "duas vezes retrocesso" tanto na saúde, como na economia.

O secretário pontua que o comitê da retomada decidiu dar uma pausa no avanço da flexibilização para permitir o retorno das atividades e, com isso, fazer uma análise crítica dos casos no Estado. Além disso, ele ressalta que é preciso ter cautela quanto à previsão de retorno em setembro para "não gerar expectativas desnecessárias", o que pode causar "uma decepção grande".

O secretário afirma que entende a demanda dos setores e reforça que a situação ainda segue em análise. "Não se trata só da questão especificamente dos bares, qualquer atividade que corresse risco de grandes aglomerações, como as escolas, os eventos públicos, a gente colocou tudo sobre a mesma demanda. Nós resolvemos retardar pra que a gente tenha agora um momento de pausa em que todas essas análises que estão sendo feitas e questionadas".

"O retorno das atividades econômicas e livres, isso vai tudo depender do tempo. Nós estamos falando de uma pandemia que tem tido um comportamento diferente das anteriores", comenta.

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