Ceará tem 1,65 médicos aptos a atuar contra a Covid-19 para cada mil habitantes

Número é maior do que o indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e vem de levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina

Escrito por Cadu Freitas/Felipe Mesquita , metro@svm.com.br
Legenda: Entre janeiro e maio deste ano, 476 novos médicos se inscreveram no Cremec-CE
Foto: arquivo

O Ceará tem, atualmente, 12.424 médicos abaixo de 60 anos, em atividade, aptos a atuarem na emergência de saúde pública causada pela Covid-19 - a doença provocada pelo novo coronavírus. O número foi obtido a partir de um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceira com a Universidade de São Paulo (USP) que analisa a quantidade de profissionais registrados nos conselhos regionais de classe do País. 

A proporção de trabalhadores formados no Estado é de 1,65 para cada mil habitantes cearenses, o que garante ao Ceará uma taxa superior ao que é preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade avalia que, para garantir atendimento a todos os cidadãos de um local, é preciso de um profissional da medicina a cada mil moradores.

O índice porém não contabiliza trabalhadores que possuem comorbidades - como diabetes e hipertensão - e, por isto, têm a indicação de ficarem distantes das atividades laborais presenciais durante a pandemia. Além disso, a taxa cearense fica abaixo da nacional, que é de 2,5 médicos para mil habitantes.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec-CE), Helvécio Nunes, o número é suficiente. "O que falta é uma atração para o serviço público e uma política de Governo para fixação do médico através de uma relação trabalhista atraente, no sentido de dar segurança salarial e dar boas condições de trabalho", argumenta. 

Conforme o presidente do órgão, o histórico dos últimos anos da relação trabalhista dos profissionais da medicina com o setor público "tem sido a terceirização principalmente através de organizações sociais e a quarteirização, ou seja, uma coisa que ja é terceirizada se terceiriza. Isso resulta em vínculos trabalhistas precários, atrasos de pagamento e, muitas vezes, até calotes". 

Visão nacional

Apenas sete estados - nenhum do Nordeste, e o Distrito Federal - apresentam distribuição de profissionais igual ou superior ao índice brasileiro. Ao todo, o País têm quase 422 mil médicos abaixo de 60 anos com possibilidade de atuar durante a pandemia. 

A taxa brasileira de 2,5 médicos para cada mil habitantes é superior ao registro de países como Polônia (2,4), Japão (2,4) e México (2,4); e fica atrás de Estados Unidos (2,6), Canadá (2,8) e Reino Unido (2,9). 

Embora o número seja considerado alto pelo o 1º vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino, a distribuição desses profissionais pelos estados e localidades do Brasil é desigual. 

"Nas regiões mais carentes, onde há menor distribuição de renda, com certeza, terão menos médicos e especialistas médicos. Explicamos isso em função de que não há um efetivo estímulo de um política governamental para a fixação desses médicos nas regiões mais longínquas do nosso país", avalia.

Segundo Giamberaldino, é preciso que o Estado interfira para "levar acesso à saúde à população" e que os profissionais sejam "estimulados a participar desse tipo de vida e vocação". "Entendemos que não é so a falta de remuneração, existe, sim, nesses lugares mais longínquos a falta de estrutura, que é uma das coisas que mais traz insatisfação".

Novos médicos

Ainda de acordo com o levantamento realizado pelo CFM, só entre janeiro e maio de 2020, 476 novos médicos se inscreveram no Cremec-CE. No Brasil, foram 9.653 registros de profissionais recém-graduados, com destaque para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A maioria dos trabalhadores integrou-se aos conselhos em janeiro, segundo os dados do CFM.

O presidente do Cremec-CE, Helvécio Nunes, informa que, anualmente, o Estado forma cerca de mil médicos nos oito cursos dispostos na região, diferentemente do que acontecia nos anos 1990, quando a Universidade Federal do Ceará (UFC) detinha a única formação cearense.

"A nossa velocidade de crescimento está muito acelerada não só na criação de novos cursos e da ampliação.Tudo isso faz com que esse número esteja crescendo rapidamente, fora o contingente que vem de outros estados", explica.

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