Casos de Covid em crianças no Ceará caem, mas maio é o segundo mês com mais registros na 2ª onda

Em outubro de 2020, o Estado teve 972 casos entre a população de 0 a 9 anos. Em maio, chegou a 4,9 mil

Escrito por Thatiany Nascimento ,
Medidor de temperatura sendo colocado em braço de criança
Legenda: Mesmo com o aumento do diagnóstico, ainda há subnotificação de casos de Covid-19 em crianças
Foto: José Leomar

O Ceará registrou, em maio, 4,9 mil novos casos de Covid em crianças com idade entre 0 e 9 anos. O número, que é alto, quando analisado o histórico de ocorrências mensal na pandemia nessa faixa etária, felizmente, foi menor do que em abril, quando 5,3 mil infecções por coronavírus foram confirmadas nesta população.

Desde outubro, maio foi o primeiro mês com queda nas contaminações de crianças na comparação mês a mês. Porém, com o novo pico de infecções na população em geral, ocorrido na segunda onda, que teve início em outubro de 2020, maio de 2021 foi, para a faixa etária das crianças, o segundo mês com mais contaminações no Ceará. 

Durante esse segundo pico, o aumento de infecções por Covid na população em geral foi tão expressivo no Ceará que o total de casos, em maio, chegou a ser cinco vezes o número registrado em outubro.

A mesma dinâmica foi seguida nas infecções de crianças. Em outubro de 2020, o Estado teve 972 casos entre a população de 0 a 9 anos. E em maio, chegou a 4,9 mil. 

Desse total, 2,2 mil infecções foram em crianças de 5 a 9 anos, e os outros 2,7 mil naquelas de 0 a 4 anos. Os dados analisados pelo Diário do Nordeste constam no Integrasus, plataforma digital da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). 

Até maio de 2021, o Ceará registrou, no total, 820 mil casos de Covid. Em termos proporcionais, as ocorrências com crianças de 0 a 9 anos representam 3,91% das infecções do Estado.

Veja também

Porém, ainda que essa proporção pareça pequena, a médica infectologista pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin, Lohanna Tavares, ressalta que, mesmo que boa parte dos casos sejam leves e assintomáticos, à medida que a quantidade cresce, aumentam as chances de ocorrências moderadas e graves.  

“Em relação ao volume de casos, a gente sabe que, no que aumenta na população em geral, vai aumentar também nas crianças. Mas não só isso. Mesmo que aumente nas crianças, a maioria ainda são casos leves e assintomáticos, mas casos moderados, graves e óbitos acontecem sim. No que aumentam os casos gerais, aumentam os casos graves proporcionalmente. Além disso, quanto mais testes disponíveis a gente tem, mais diagnósticos a gente também consegue flagrar”, afirma.  

Além disso, ressalta a médica, mesmo com o aumento do diagnóstico, ainda há subnotificação, pois, como muitos casos são assintomáticos, os responsáveis sequer chegam a testar ou esse caso é registrado formalmente. 

A infectologista também reforça que com a sazonalidade e a circulação de outros vírus respiratórios pode haver casos de coinfecção.

“Isso acaba agravando o quadro de crianças, principalmente dos menores de 2 anos e que tenham comorbidades respiratórias, cardíacas. Isso acaba levando a mais internações, mais quadros moderados e mais quadros graves”
Lohanna Tavares
Médica infectologista pediátrica

Ela reforça que as medidas de mitigação devem continuar sendo seguidas como a utilização da máscara a partir de 2 anos, se não houver contra indicação; manutenção do distanciamento social entre crianças e adultos e higienização das mãos. 

Neste mês, a vacinação da população em geral contra a Covid tem início em algumas cidades do Ceará, contudo, a população menor de 18 anos ainda está de fora do planejamento, já que, até o momento, no geral, não há dados disponíveis de segurança e eficácia das vacinas usadas no Brasil para esse público. 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.