Dopamine Dressing: entenda este conceito de se vestir para o bem-estar

Tendência se fortaleceu durante a pandemia e incentiva a escolha de roupas que trazem felicidade.

Escrito por Denise Marçal , denise.marcal@svm.com.br
Legenda: Vestir-se para se sentir bem e feliz é a ideia do conceito de Dopamine Dressing.
Foto: Shutterstock

A mudança no modo de se vestir foi um dos efeitos percebidos durante a pandemia. Toda a formalidade que o mundo corporativo exige deu lugar a um home office mais relaxado, com roupas mais folgadas ou “fresquinhas”, termo que todo cearense conhece ao usar vestimentas leves e propícias para climas quentes. Essa tendência de se vestir para se sentir bem e feliz durante esses tempos difíceis é conhecida como “dopamine dressing”, que, numa tradução livre, significa vestir-se de dopamina, um neurotransmissor responsável por sensações de prazer e humor.  

Legenda: Rafaella Arrais: Conceito se fortaleceu durante a pandemia.
Foto: Divulgação

Como explica Rafaella Arrais Nunes (@rafaellanunes), designer gráfica e consultora de estilo pessoal, embora não seja um termo novo no mundo fashion, o conceito ganhou mais adeptos do ano passado pra cá. “Ele se fortaleceu por ser uma resposta social ao período difícil que a gente está passando com a pandemia, com o isolamento social, com a quantidade de coisa horrível e triste que tem acontecido no mundo”, avalia a profissional. Mas será que a roupa pode mesmo influenciar o nosso estado de espírito? 

Para a Ciência, sim. Um estudo, realizado em 2015 por psicólogos cientistas da California State University, Northridge  e Columbia University, descobriu que as roupas que selecionamos podem ter um impacto direto em como pensamos. Em cinco experimentos diferentes, eles descobriram que vestir-se formalmente, por exemplo, pode influenciar a maneira como tomamos decisões. Uma pesquisa anterior, de 2012, publicada no Journal of Experimental Social Psychology, determinou que as roupas podem ter um impacto direto no processo psicológico de cada pessoa. Os pesquisadores observaram que, quando os participantes foram solicitados a usar roupas que tivessem algum significado simbólico, a percepção de confiança deles aumentou. 

Neste sentido, o Dopamine Dressing relaciona o uso de certas roupas ao estado de alegria e bem-estar. A ideia é fazer escolhas que despertam sentimentos positivos na pessoa e isso independe do estilo.

“Não tem necessariamente um perfil de estilo. Desde que você esteja usando roupas que fazem você se sentir bem, feliz, confortável, você está praticando Dopamine Dressing”, afirma Rafaella Arrais Nunes. Os adeptos do conceito não estão buscando a combinação perfeita de peças do guarda-roupa, mas a sensação que vai fazer diferença em um dia de trabalho, por exemplo. 

Não tem jeito certo e errado 

Quem procura referências na internet vai encontrar looks super coloridos, com brilho, estampas alegres e combinações divertidas. Como salienta Rafaella Arrais, mesmo quem não segue estilos mais criativos e arrojados pode praticar Dopamine Dressing de forma mais comedida. “Uma mulher que tem estilo mais romântico, gosta de vestido mais rodado, de florais, ela também está praticando o conceito dentro do perfil de estilo dela”, ilustra a profissional. 

Legenda: Rafaella Arrais: Não tem jeito certo e errado, desde que você se sinta feliz com a roupa.
Foto: Divulgação

Para a consultora, qualquer tipo de roupa pode corresponder à ideia do Dopamine Dressing, pois não se trata de estilo em si, mas de uma escolha, um caminho na hora de se vestir. “O certo é você estar vestindo alguma coisa que te faz se sentir muito bem. E o jeito errado é você colocar roupas com as quais não se sinta feliz e que te fazem se sentir desconfortável. É basicamente isso”, resume. 

Desde que a pandemia começou, a consultora de estilo Sarah Veloso decidiu se vestir de forma mais leve para trabalhar em casa. “Tem dias que me inspiro para uma make babadeira, com glitter ou cores, tem dias que só uns brincos já cumprem seu papel. Eu tento seguir o que sinto no dia ao me vestir e utilizo desse meio para me animar quando estou mais pra baixo (que vem sendo todos os dias também). Está todo mundo tentando estar minimamente bem e me arrumar para mim mesma tem sido essa forma de estar bem”, reflete. 

Legenda: Sarah Veloso: "Tento seguir o que sinto no dia ao me vestir e utilizo desse meio para me animar".
Foto: Divulgação

Como adotar o Dopamine Dressing no dia a dia 

Para começar, o primeiro passo é se perceber em cada roupa, analisar que sensações elas despertam em si mesma.

“Como é que você se sente dentro das roupas que está usando? Você está se sentindo confortável? Está se sentindo bem? A roupa veste de um jeito gostoso ou você nem consegue se mexer dentro e fica sempre reclamando de qualquer movimento? É parar para se observar e, a partir disso, começar a anotar quais são as cores que você realmente gosta de usar”, ensina Rafaella Arrais. 

Confira alguns moods selecionados pela consultora Rafaella Arrais.

O autoconhecimento vai favorecer quem quer praticar Dopamine Dressing no dia a dia. “Presta atenção nas coisas que você veste, seja modelagens de roupa, cores, elementos e começa a trazer esses elementos para o seu dia a dia”, indica a consultora de estilo. “Por exemplo, se você é uma pessoa que precisa usar alfaiataria, pode trazer uma alfaiataria mais colorida. Se você está num ambiente de trabalho que exige blazer, mas você gosta muito de moletom, hoje em dia já tem blazer com corte super sofisticado, mas com o tecido moletom ultra confortável. Então, não tem jeito certo, mas existem muitos caminhos”, finaliza Rafaella Arrais. 

O termômetro são as sensações que a vestimenta causa em você. Escolhas que te deixam feliz e confortável vão fazer diferença no dia a dia.