Sexta morte no desabamento de prédio em Fortaleza é confirmada
Rosane Marques de Menezes, de 56 anos, mãe do primeiro resgatado vivo dos escombros, foi confirmada como a sexta morte.
Na noite desta quinta-feira (18), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) confirmou mais dois mortos no desabamento do prédio do Dionísio Torres, que aconteceu na terça-feira (15). Com esta nova informação, são agora 6 pessoas mortas com a tragédia.
De acordo com a SSPDS, a segunda vítima, que ainda não havia sido identificada até então, é a idosa Maria da Penha Bezerril Cavalcante, de 81 anos. "Ela é a segunda pessoa cujo óbito foi confirmado pelos Bombeiros, mas que permanecia sob os destroços do prédio", afirma a nota.
A outra vítima, a 6ª identificada, é Rosane Marques de Menezes, de 56 anos. Segundo a SSPDS, o corpo dela foi retirado por volta das 21h10. Rosane é mãe de Fernando Marques, o primeiro jovem a ser resgatado com vida, ainda no dia do desabamento. Os dois moravam no apartamento 302 do Edifício Andrea.
Os pais de Rosane também moravam no condomínio, é o casal de idosos Izaura Marques Menezes, de 81 anos, e Vicente de Paula Vasconcelos Menezes, 87 anos. O corpo de Izaura foi retirado dos escombros na quarta-feira (16). Vicente de Paula ainda está desaparecido nos escombros, assim como o cuidador do casal.
Na quarta-feira (16) de manhã, um familiar, que acompanha as buscas pela família Marques, conversou com a reportagem. "Tudo é muito delicado, porque a referência de família foi embora, a moradia, a recordação, a história de vida, mas estamos aqui aguardando notícias deles", afirma Adriano. No momento da entrevista, Izaura e Rosane ainda estavam como desaparecidas.
MORTES CONFIRMADAS
1) Frederick Santana dos Santos, 30 anos, era entregador de água e estava no mercantil ao lado do prédio, no momento do desabamento. Bombeiros confirmaram a morte por volta das 23h30 da noite de terça-feira (15).
2) Maria da Penha Bezerril Cavalcante, 81 anos. Inicialmente, os bombeiros confirmaram apenas a morte de uma mulher não identificada na quarta-feira (16). O corpo dela permaneceu nos escombros até a quinta-feira (17), quando foi retirado pelos bombeiros por volta das 19h, segundo a SSPDS.
3) Izaura Marques Menezes, de 81 anos, é avó do primeiro resgatado com vida do prédio, o jovem Fernando Marques. Os bombeiros confirmaram a morte por volta das 17h30 na quarta-feira (16). De acordo com a corporação, o corpo foi encontrado ao meio-dia e eles não conseguiram identificar a vítima. A SSPDS, depois, identificou ela como Izaura Marques Menezes, após exames de odontologia forense (arcada dentária).
4) Antônio Gildasio Holanda Silveira, de 60 anos, O corpo dele foi retirado dos escombros na manhã da quinta-feira (17). Foi identificado por meio da impressão digital
5) Nayara Pinho Silveira, 31 anos, psicóloga. O corpo dela foi encontrado por volta de meio-dia desta quinta-feira (17), mas, no momento do resgate, a vítima ainda não havia sido identificada.6) Rosane Marques de Menezes, de 56 anos. O corpo foi retirado dos escombros às 21h10 da quinta-feira (17). Rosane era mãe de Fernando Marques, a primeira vítima resgatada com vida dos escombros. Ela era filha de Izaura Marques, que também falecei na tragédia. O pai de Rosane, Vicente de Paula, continua desaparecido nos escombros.
QUEM ESTÁ DESAPARECIDO
1) Vicente de Paula Vasconcelos de Menezes, de 87 anos. Ele é avô do primeiro resgatado com vida do prédio, o jovem Fernando Marques, e marido de Izaura Marques Menezes, encontrada morta sob os escombros.
2) José Eriverton Laurentino Araújo, de 39 anos, cuidador dos idosos Vicente de Paula e Izaura Marques Menezes.
3) Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos, síndica do Edifício Andrea.
4) Francisco Erivelton dos Santos, técnico de ar-condicionado, que estava no edifício no momento em que desabou.
QUEM SÃO AS PESSOAS RESGATADAS COM VIDA
1) Fernando Marques, 20 anos, foi o primeiro resgatado com vida dos escombros. Os corpos da vó dele, Izaura Marques, e da mãe, Rosane Marques, foram retirados dos escombros.
2) Antônia Peixoto Coelho, 72 anos, está na UTI de um hospital particular de Fortaleza. Ela teve traumatismo torácico e craniano.
3) Cleide Maria da Cruz Carvalho, 60 anos. Foi encaminhada para hospital com ferimentos no corpo. Quadro de saúde é estável;
4) Davi Sampaio, universitário do curso de Arquitetura e tem 22 anos. O jovem, que sofreu escoriações, fez selfie nos escombros e enviou para a família. Ele teve alta hospitalar na tarde desta quarta (16);
5) Gilson Gomes, 53 anos, trabalhava próximo ao local e estava no mercantil ao lado do prédio, no momento da desabamento. Ele quebrou as duas pernas e está internado no IJF;
6) Francisco Rodrigues Alves, 59 anos, porteiro e zelador do Edifício Andrea. Ele aparece correndo em um vídeo do momento do desabamento. Está internado no IJF;
7) João Ycaro Coelho de Menezes, 35 anos, foi resgatado às 15h de terça-feira (15). Ele é sobrinho da idosa Antônia Peixoto Coelho, 72 anos, também resgatada com vida. Ele é engenheiro de computação, teve escoriações no momento do desabamento e foi encaminhado para o Frotinha de Messejana. Ficou em observação, fez exames e teve alta nesta quarta (16).
Desabamento: o que aconteceu
O Edifício Andrea desabou na manhã desta terça-feira (15), por volta das 10h28, no cruzamento da Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, no Bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.
Lavrado em 6 de abril de 1982, o documento inscrito no cartório de registro de imóveis da 1ª zona, em Fortaleza, põe fim à versão de que o Edifício Andrea foi construído em 1994 e estivesse irregular, como a Prefeitura informou no dia do acidente. A empresa que fez a averbação do imóvel também difere do informado pelo Município, sendo a Imobiliária Alpha a responsável, e não a P&G Engenharia.
O documento, obtido em primeira mão pelo Sistema Verdes Mares, revela que cada um dos 13 apartamentos (2 para cada um dos seis andares e 1 para a cobertura) foi devidamente registrado com matrículas individuais, assim como o edifício. O regime de condomínio também foi definido no texto averbado pela Alpha.
Conforme o documento, cada apartamento possuía área privativa de 136,44 metros quadrados (m²) e uma área comum de 28,86m². Apenas a cobertura, que era o apartamento nº 701, tinha uma área privativa maior, de 172,20m² e uma área comum de 36,51m². A área total do terreno foi registrada com 681m².
Respostas
Nesta quarta-feira, confrontadas com o documento registrado no cartório, as secretarias das Finanças (Sefin) e de Arquitetura e Urbanismo (Seuma) não se manifestaram até o início desta quinta-feira (17).
A execução da Lei de Inspeção predial é a principal cobrança sobre o Município, que continua sem revelar dados de fiscalização ou inscrição do edifício Andrea nos órgãos competentes para tal. A legislação existe desde 2016, mas houve seguidos adiamentos feitos pelo Município.
Multas de até R$ 10 mil são previstas para quem descumprir a lei, que consistem em quatro etapas: (1) contratar profissional que elabore laudo de vistoria técnica; (2) executar as obras; (3) protocolar os documentos para análise na Seuma; e (4) afixar o certificado de inspeção predial em local visível ao público.
A justificativa para o trabalho dos fiscais consta no site da própria Prefeitura: “A estrutura das edificações, assim como as instalações elétricas e hidráulicas sofrem desgaste. Em alguns casos, a deterioração é quase imperceptível, podendo causar incêndios e desabamentos”. Porém, o não cumprimento ainda acontece.