Secretaria da Saúde e Lacen têm 72h para explicar demora em exames de Covid-19, definem MPCE e MPF

Ministérios Públicos Estadual e Federal questionam fila de espera, critérios para grupos de risco e número de pessoas internadas com o novo coronavírus.

Escrito por Redação ,

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e o Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) devem prestar esclarecimentos aos Ministérios Públicos Estadual (MPCE) e Federal (MPF) sobre a fila de exames para detecção do novo coronavírus, critérios para grupos de risco, quantidade de pessoas internadas e resultados de testes. Sesa e Lacen têm 72 horas para responder.

A cobrança dos órgãos corrobora com questionamentos de cearenses que fizeram testes para confirmar se os sintomas que tiveram eram de Covid-19, mas ainda aguardam a entrega da conclusão. É o caso do comerciante Helano de Freitas Braga Junior, 26, que buscou um hospital na madrugada do dia 27 de março com falta de ar.

“A enfermeira disse que o exame sairia em cinco dias, mas até agora nada. Dá tempo de pegar [a doença], se curar e o resultado não sai”, reclamou o jovem.

Com a crescente demanda de novos exames, relatos de demora no recebimento também aumentam.

Segundo o Ministério da Saúde, o Ceará registra 20 mortes por coronavírus, nesta quinta-feira (2). Até o dia 31 de março, pelo menos 5.218 exames para detectar o vírus foram realizados no Estado. Segundo a Sesa, 81,4% delas foram processadas pelo laboratório público. Com a crise causada pela Covid-19, o Lacen precisou aumentar a quantidade de exames do tipo 'swab' produzidos de 10 para 1.300 diariamente. Para lidar com a demanda, a Secretaria informou que importou 500 mil novos testes e estima que a capacidade será triplicada dentro de 30 a 60 dias.

“Como eu tenho asma, eu imaginei que tinha feito um teste mais rápido, mas acho que não foi”, diz Helano. Devido à falta de ar que sentia e por fazer parte do grupo de risco, o comerciante ficou ansioso ao não receber o resultado. Ele deve ficar isolado em casa por mais uma semana, mesmo sem saber se foi infectado. “A gente fica naquela expectativa de tentar normalizar a vida. É ruim estar isolado, queria ficar com a minha família”, lamenta. 

Grupos prioritários

De acordo com a secretaria, devido ao crescente volume da demanda, os grupos prioritários para exames seriam pacientes internados em UTIs e enfermarias, profissionais de saúde e pessoas que vieram a óbito com suspeita da doença. Mesmo com esse protocolo, a assistente social e funcionária do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Luciana Patrícia Maia, 40, também ainda espera o resultado de seu teste. No hospital no qual foi atendida no dia 27, a médica informou que, por ser da área da saúde, o resultado sairia, no máximo, em 72 horas.

“Já fiquei foi boa da gripe. Por mim, já voltava a trabalhar, mas tenho que aguardar o exame”, explica. Luciana recebeu a indicação de ficar isolada por 14 dias. No entanto, a assistente não é concursada e só recebe por dias trabalhados, o que aumenta seu nervosismo na espera dos resultados. “A gente fica nessa angústia de não saber se tem ou não tem. Se eu não tô lá, como vou receber?”. Segundo ela, uma colega de trabalho também precisou fazer o exame no mesmo dia, mas foi informada de um prazo maior para receber as respostas. 

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