Falta de EPIs e materiais de higiene é entrave para hospitais do Ceará
Constatação é do Conselho Federal de Medicina, que recebe reclamações de médicos do Estado sobre a falta destes materiais no sistema de saúde durante pandemia de Covid-19. Entidade tem canal de comunicação com profissionais
O contingente de pacientes durante a pandemia de Covid-19 traz dificuldades ao sistema de Saúde do Ceará. Por vezes, o atendimento não é o mais preciso por falhas na infraestrutura das unidades: ausência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou materiais de higiene, por exemplo. O diagnóstico é dos próprios médicos, através de reclamações listadas no Conselho Federal de Medicina (CFM). O Estado é o 2º do Nordeste em denúncias dos profissionais, totalizando 118.
O órgão instalou um canal de comunicação para acolher acusações e as distribuiu por campos como medicamentos, recursos humanos (enfermeiros, médicos e equipe de limpeza), além de logística de atendimento. O laudo permite o Raio-X do acolhimento de pacientes com o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Problemas regionais
E os problemas são refletidos em conjuntura regional, apesar das particularidades de cada localidade ou mesmo do nível de contaminação atual. Segundo o relatório, as principais reclamações no Nordeste são sobre falta de EPIs (35,9%), insumos (21,1%), materiais de higiene (14,8%), recursos humanos (12,4%), dificuldades na triagem (10,8%) e carência de leitos (5%).
No ranking, o Ceará é superado apenas pela Bahia (161), mas avança diante de Pernambuco (115), Rio Grande do Norte (66) e Paraíba (51), por exemplo. O Nordeste soma 611 relatos, o que corresponde a 28% do total de acusações do País. As denúncias partem 89% de unidades públicas, 8% privadas e 3% entre instituições filantrópicas e não identificadas.
Para o Dr. Francisco Monteiro, representante do Sindicato dos Hospitais Privados no Estado, a diferença de reclamações perpassa o fluxo de infectados que buscam atendimento na rede pública. No entanto, também há barreiras no serviço particular para compra de insumos aos profissionais.
Mortes por Covid-19 em Fortaleza
"Nos reunimos com frequência e não temos dificuldade de atendimento (na rede privada). Tivemos treinamento, aquisição de EPIs, controlamos o fluxo de paciente. Temos apenas dificuldade de compra (de insumos), houve um aumento abusivo dos custos, isso trouxe grande perda financeira, mas temos suprido todos os médicos, técnicos e enfermeiros. O sistema público atende a grande maioria, então se justifica as queixas maiores", explicou.
Fortaleza concentra o maior número de reclamações no Ceará, com 73 relatos de médicos sobre dificuldades estruturais no combate ao novo coronavírus no Ceará. Sobral (5) e Fortim (3), no norte do Estado, e Horizonte (3) e Itaitinga (3), na Região Metropolitana de Fortaleza, aparecem em seguida na lista dos 29 municípios cearenses registrados no levantamento.
Proteção na rede pública
Sobre o assunto, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que adota os procedimentos para a proteção dos profissionais de saúde, com o fornecimento de EPIs, testes rápidos, apoio psicológico e vacina contra a gripe H1N1. Os dados do CFM foram contestados pela Secretaria por não especificarem "as informações que correspondem quanto ao equipamentos públicos ou privados" referentes ao Ceará.
A Secretaria da Saúde do Ceará também se posicionou afirmando que o fornecimento de EPIs está regular no Estado. A Pasta ressaltou a compra de 270 toneladas dos produtos para atender as unidades hospitalares com referência no atendimento a casos de Covid-19 no Estado. Já foram recebidas 90 toneladas de EPIs e uma nova remessa é esperada na próxima semana.