First Mile: entenda software espião usado pela Abin

Tecnologia de espionagem foi utilizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante governo Bolsonaro

Legenda: A Abin fornece ao presidente da República e aos seus ministros informações e análises estratégicas, oportunas e confiáveis
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (20) dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) após uso indevido do sistema de rastreamento de celulares durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Através do software First Mile, o governo monitorava irregularmente a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e juízes, segundo investigação da PF.

A tecnologia de espionagem foi desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e comprada pela agência por R$ 5,7 milhões, com dispensa de licitação, em dezembro de 2018, ainda na gestão de Michel Temer. O software foi usado até maio de 2021, durante o governo Bolsonaro.

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Segundo o jornal O Globo, a Abin rastreava a localização da área de aparelhos que utilizavam 2G, 3G e 4G. O software era utilizado para rastrear pessoas a partir dos dados transferidos do celular para as torres de telecomunicações em diferentes regiões. Com essas informações, a ferramenta o acesso ao histórico de deslocamentos e até criar “alertas em tempo real” das movimentações de um indivíduo.

O jornal ainda afirmou que o sistema permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses. Para ter acesso às localizações, bastava digitar o contato telefônico.

Nota da Abin

As investigações contra a agência de espionagem tiveram início em 21 de março deste ano. Em nota, a Abin afirmou que tem colaborado com o processo e reforçou o "compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito".

"Todas as requisições da Policia Federal e do Supremo Tribunal Federal foram integralmente atendidas pela ABIN. A Agência colaborou com as autoridades competentes desde o início das apurações. A ABIN vem cumprindo as decisões judiciais, incluindo as expedidas na manhã desta sexta-feira (20). Foram afastados cautelarmente os servidores investigados", diz a nota.

 


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