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PF prende dois servidores da Abin por rastreamento ilegal de celulares e afasta outros cinco

Investigadores ligados ao caso informaram ao G1 que a espionagem eletrônica rastreou "centenas de celulares" de frequentadores do STF

Escrito por Diário do Nordeste/Estadão Conteúdo/Agência Brasil ,
Fachada da Polícia Federal com uma viatura em frente
Legenda: As ordens de prisão preventiva foram cumpridas no Distrito Federal na manhã desta sexta-feira (20)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (20), uma operação para prender preventivamente dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.

As ordens de prisão já foram cumpridas no Distrito Federal, mas policiais ainda vasculham endereços em Goiás, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou ainda o afastamento de outros cinco servidores da Abin.

A operação investiga supostos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

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Rastreamento ilegal de celulares

De acordo com a PF, o grupo suspeito teria utilizado o sistema da Abin — um "software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira" — para rastrear celulares "reiteradas vezes". Os crimes teriam sido praticados sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem.

A Polícia informou ainda que os servidores presos nesta manhã teriam usado o "conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão" em processo administrativo disciplinar do qual eram alvo.

Investigadores ligados ao caso informaram ao G1 que a espionagem eletrônica rastreou "centenas de celulares" de frequentadores do STF, além de advogados, policiais, jornalistas e os próprios ministros do Supremo. Foram identificados pelo menos 33 mil acessos de localização telefônica. Contudo, como o sistema permite saber apenas a localização dos celulares e não o conteúdo deles, a Polícia ainda tenta descobrir se foram usados sistemas mais sofisticados para acessar mensagens e outros materiais.

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