Redução do intervalo entre doses só será analisada após vacinação de todos os adultos contra a Covid

Conclusão consta em nota assinada pelo Ministério da Saúde, gestores do SUS e conselhos de secretarias da Saúde

Escrito por Mariana Lazari , mariana.lazari@svm.com.br
profissional aplica vacina contra a covid-19
Legenda: Intervalo entre doses de vacinas em uso no Brasil chega a 90 dias. Mudança será analisada só após vacinação de todos os adultos
Foto: AFP

A redução do intervalo entre a primeira (D1) e a segunda dose (D2) de vacinas contra a Covid-19 no Brasil só será analisada "após a distribuição da primeira dose para toda a população adulta". A informação foi divulgada nesta terça-feira (27), em nota assinada pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mudança na recomendação, frisa o texto, se baseará "sempre, nas melhores evidências científicas, trazidas nas discussões da Câmara Técnica Assessora de Imunizações".

A antecipação da D2 das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca está sendo realizada em alguns estados e analisada em outros devido ao avanço da variante Delta no País.

Porém, a nota conjunta frisa que "estados e municípios devem seguir, rigorosamente, as definições do Programa Nacional de Imunizações (PNI) quanto aos intervalos entre as doses e demais recomendações técnicas, sob pena de responsabilidade futura". E segue: "O sucesso da vacinação depende da atuação sinérgica, harmônica e solidária entre os níveis federal, estadual e municipal, além da colaboração imprescindível da sociedade civil e dos meios de comunicação".

No Brasil, atualmente, três vacinas contra a Covid-19 com esquema vacinal em duas doses estão em uso: a CoronaVac, com 28 dias de intervalo, e AstraZeneca e Pfizer, ambas com 90 dias entre uma aplicação e outra. A Janssen, também em uso, possui dose única. 

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Antecipação da D2

Na manhã desta segunda-feira (26), a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, noticiou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ser "muito provável" que a pasta anuncie a redução do intervalo da vacina da Pfizer. Ao Diário do Nordeste, o MS informou estar estudando a mudança.

"O Ministério da Saúde informa que acompanha a evolução das diferentes variantes do SARS-CoV-2 no território nacional e está atento à possibilidade de alterações no intervalo recomendado entre doses das vacinas Covid-19 em uso no Brasil", informou a pasta, em nota. 

Segundo o jornal O Globo, o secretário-executivo do Ministério, Rodrigo Cruz, confirmou a alteração na janela de administração do imunobiológico em conversa com jornalistas na tarde desta segunda. Medida seria para proteger a população contra o avanço da variante Delta.

Leia a nota na íntegra:

O Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), gestores do Sistema Único de Saúde, comunicam o que se segue:

1. Estados e municípios devem seguir, rigorosamente, as definições do Programa Nacional de Imunizações (PNI) quanto aos intervalos entre as doses e demais recomendações técnicas, sob pena de responsabilidade futura. O sucesso da vacinação depende da atuação sinérgica, harmônica e solidária entre os níveis federal, estadual e municipal, além da colaboração imprescindível da sociedade civil e dos meios de comunicação

2. A operacionalização da vacinação contra Covid-19 obedecerá, a partir de agora, uma vez já cumprida a distribuição de ao menos 1 dose para os grupos prioritários, a ordem por faixa etária decrescente. Após a conclusão do envio de doses para a população adulta, serão incluídos os adolescentes de 12 a 17 anos, com prioridade para aqueles com comorbidades;

3. Haverá uma compensação gradual dos quantitativos de vacinas enviados de modo complementar (estados que receberam doses do fundo estratégico; estados com vacinação em municípios de fronteiras; atendimento a ações judiciais etc.) e estados com maior contingente populacional de grupos prioritários já vacinados, de modo que todos os estados deverão finalizar o processo de imunização sem que haja benefícios ou prejuízos a suas respectivas populações;

4. Após a distribuição da primeira dose para toda a população adulta (com 18 anos ou mais), será analisada a redução do intervalo entre a primeira e a segunda dose, baseada, sempre, nas melhores evidências científicas, trazidas nas discussões da Câmara Técnica Assessora de Imunizações;

Brasília, 27 de julho de 2021

Marcelo Queiroga, Ministro de Estado da Saúde

Carlos Eduardo de Oliveira Lula, Presidente do Conass

Wilames Freire Bezerra, Presidente do Conasems

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