Secretário de Estado dos EUA chega a Israel para pressionar por cessar-fogo em Gaza

Com acordo, países mediadores querem diminuir as tensões crescentes no Oriente Médio

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Antony Blinken sai de avião dos Estados Unidos
Legenda: Antony Blinken chega a Israel
Foto: Kevin Mohatt / POOL / AFP

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, desembarcou em Israel neste domingo (18) - sua 9ª viagem ao Oriente Médio desde o início da Guerra em Gaza, há 10 meses - para pressionar por um cessar-fogo na região.

Ele deve se reunir com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, antes da retomada das negociações para um acordo entre Israel e Hamas, programadas para a próxima semana.

As conversas estavam paralisadas por um impasse entre as partes. Na área, cresce o temor de uma piora no conflito diante da resposta anunciada pelo Irã ao assassinato do líder do Hamas em sua capital.

Conforme o Departamento de Estado, Blinken buscará "concluir o acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns e detidos".

Estados Unidos, Catar e Egito são os principais mediadores do conflito e mencionaram algum progresso após uma primeira rodada, na quinta e sexta-feira, em Doha. Negociantes israelenses disseram que estavam “moderadamente otimistas”.

Recentemente, o presidente Joe Biden disse que o acordo estava "próximo", e seu governo sugeriu que as negociações estavam "na rodada final". A afirmação, contudo, foi rebatida por Netanyhu neste domingo.

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Antes da chegada de Blinken, o premiê disse que as negociações eram "muito complexas" e pediu que “a pressão seja direcionada ao Hamas" e "não ao governo israelense".

Criticado por supostamente adiar um cessar-fogo ao acrescentar mais condições à proposta, Netanyahu também denunciou a "recusa obstinada" do Hamas em concordar com uma trégua. O grupo não participou das últimas negociações e recusou as "novas condições".

Bombardeios seguem em Gaza

Israel voltou a bombardear, no sábado (17), vários setores da Faixa de Gaza, incluindo um ataque que deixou 16 mortos, segundo autoridades do Hamas.

O grupo requer a implementação do plano original apresentado por Biden em maio, que previa uma primeira fase de seis semanas de trégua com a retirada do Exército israelense das zonas mais povoadas de Gaza e uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Na segunda fase, o acordo incluiria a retirada total das tropas israelenses do enclave. Porém, para o Hamas, a visão otimista do presidente americano é uma “ilusão”.

Com o cessar-fogo em Gaza, os mediadores também querem diminuir as tensões crescentes no Oriente Médio.

O Irã e seus aliados, incluindo o Hezbollah, prometeram vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque atribuído a Israel em Teerã. Ele era considerado importante para as conversas e a diplomacia do grupo.

O secretário de Estado americano segue para o Egito na terça-feira, na esperança de levar adiante uma proposta de acordo.

Ataques não param

Na prática, a ofensiva israelense não parou durante as negociações. A Defesa Civil da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, informou neste domingo que 11 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas em bombardeios em Jabaliya, no norte, e em Deir al-Balah, no centro.

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram mais de mil pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250.

Do total de sequestrados, 111 ainda estão presas, embora 39 tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.

A represália de Israel deixou mais de 40 mil pessoas mortas e provocou uma crise humanitária desastrosa, com a maioria de seus 2,2 milhões de habitantes deslocada.

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