EUA retomam diálogo comercial com Brasil nesta quinta, diz embaixador

Embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, projeta crescimento dos negócios bilaterais

Escrito por Sérgio Ripardo ,

Os Estados Unidos retomam, oficialmente, nesta quinta-feira (14), o diálogo comercial com o Brasil, informa Todd Chapman, embaixador americano no País, em entrevista virtual à imprensa do Nordeste, na tarde desta quarta-feira (13).

Legenda: Embaixador dos Estados Unidos, Todd Crawford Chapman, entrega suas credenciais ao presidente Jair Bolsonaro, no dia 6 de abril
Foto: Alan Santos/PR

Ele disse que representantes do Departamento de Comércio dos EUA e do Ministério da Economia do Governo Bolsonaro vão ter reunião para tratar de temas como economia digital e redução de barreiras de importação de produtos. São conversas técnicas, ressaltou Chapman, que objetivam aumentar o fluxo comercial entre os dois países. Recentemente, houve um acordo comercial para maiores embarques de açúcar do Brasil para os EUA.

Sobre a retomada das rotas aéreas entre os dois países, tema de interesse do setor turístico do Nordeste, o embaixador evitou ser preciso sobre uma previsão de reativação integral dos voos. EUA e Brasil continuam com 13 voos semanais, visando atender à comunidade americana no País, estimada em 275  mil americanos. Antes da pandemia do novo coronavírus, eram mais de 150 voos semanais, lembrou Chapman.

Em 2019, o Governo Bolsonaro isentou turistas americanos da exigência de visto, além do Canadá, Japão e Austrália,  com o objetivo de aumentar o fluxo desses visitantes no Brasil, mas a pandemia interrompeu essa tendência devido ao fechamento de fronteiras aéreas e redução dos voos.

"Vamos ter que ter mais progresso...dentro de semanas ou meses, haverá o retorno dos voos, do turismo,  mas vai ser lento. As pessoas têm medo de viajar internacionalmente", destacou o diplomata, que assumiu a Embaixada há quase dois meses.

Bolsonaro

Ele evitou tecer comentários sobre a política interna do Brasil ao ser questionado sobre a crise política do Governo Bolsonaro e o impacto disso nas relações diplomáticas com os EUA. 

Também descartou uma nova versão do Plano Marshall (socorro aos países aliados após o fim da Segunda Guerra Mundial) para países mais pobres, ressaltando as atuais iniciativas do setor privado e do Governo norte-americano de colaborar com o enfrentamento à pandemia da Covid-19, seja por meio de doações ou por fornecimento de serviços de inteligência às melhorias do sistema público de saúde, além dos financiamentos aos organismos de fomento ao desenvolvimento, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Chapman também expressou cautela sobre o fim da crise mundial de saúde pública. Citou o exemplo dos EUA, onde diversos estados e a Casa Branca divergem sobre o melhor cronograma da retomada econômica e as melhores condições de realizar esse feito com segurança. "Estamos reabrindo muio lentamente nos EUA", avaliou o embaixador.

Fortaleza

Chapman não conhece pessoalmente o Ceará. Antes de assumir a Embaixada no Brasil, ele serviu à diplomacia do seu país no Equador.  Ele domina o português porque viveu no Sudeste antes de deixar o Brasil para assumir funções diplomáticas no exterior.

De perfil pragmático, Chapman destaca questões humanitárias, ao elogiar as quantias do seu país dedicadas a programas de ajuda pelo mundo, mas foca seu discurso sobretudo para os interesses comerciais dos EUA no Brasil e estratégicos, como o uso da base de lançamentos de foguetes de Alcântara no Maranhão, um marco na política externa de Bolsonaro como aliado do presidente Donald Trump.

Em abril, logo após assumir o cargo em Brasília, Chapman  tratou de rebater notícias, consideradas por ele como "fake news", de que o governo americano tinha ordenado reter respiradores e outros produtos médicos destinados ao Brasil, na corrida por equipamentos do gênero que gerou uma disputa entre países junto a fornecedores principalmente chineses. O embaixador não recebeu queixas formais de governadores do Nordeste sobre dificuldades americanas à importação de equipamentos e se colocou como interessado em resolver ruídos políticos.

"Temos grande interesse em um Brasil mais rico, forte e seguro", garantiu Chapman.