Justiça determina que posts de Sara Winter expondo menina de 10 anos estuprada sejam retirados do ar

Google Brasil, Facebook e Twitter terão que retirar as postagens em até 24 horas. Do contrário, serão obrigados a pagar multa diária de R$ 50 mil

Legenda: Sara Winter divulgou os dados da menina em suas redes sociais na tentiva de impedir o aborto, autorizado pela Justiça
Foto: Reprodução/Instagram

Em decisão liminar (provisória), a Justiça do Espírito Santo determinou que o Google Brasil, o Facebook e o Twitter retirem do ar as postagens em que a militante de extrema-direita Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, revela informações pessoais de uma criança de 10 anos, vítima de abuso sexual. A menina engravidou do próprio tio, que a estuprava desde os 6 anos de idade. 

Conforme a decisão liminar, tomada a partir do pedido da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) na noite deste domingo (16), as postagens geraram mais constrangimento à criança e a seus familiares e, portanto, deveriam ser retiradas do ar em até 24 horas. Caso a medida seja descumprida, as empresas deverão arcar com uma multa diária de R$ 50 mil.

A violência contra a menina de São Mateus, cidade a 200 km de Vitória, ganhou repercussão nacional. Ela foi abusada sexualmente durante quatro anos pelo marido de uma tia. O homem, de 33 anos, foi indiciado pelos crimes de ameaça e estupro de vulnerável e está foragido desde que o caso veio à tona.

A vítima viajou até Recife (PE), para realizar o aborto, o que é permitido por lei em casos de estupro desde os anos 1940. A ida em um avião comercial deveria ter ocorrido de forma sigilosa, mas foi divulgada nas redes sociais de conservadores.

Autodenominada ativista " pró-vida ", a bolsonarista Sara Winter chegou a divulgar o nome da vítima, contrariando o que preconiza o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

A chegada da menina causou protestos pró e contra o aborto em frente ao hospital do Recife na tarde deste domingo. Médicos do hospital foram chamados de "assassinos", e foi necessária intervenção da Polícia Militar para cessar o tumulto. Ainda assim, a gestão foi interrompida.

Desde ontem, a menina está internada no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam-UPE), que fica no bairro da Encruzilhada. Em um post nas redes sociais, Winter acusou o responsável por realizar a interrupção da gravidez da menina, o médico Olímpio Barbosa de Morais Filho, como o "maior abortista" do país.