Vício em álcool e cigarro também pode ser genético, aponta estudo
Pesquisa publicada na revista Nature identificou milhares de variantes genéticas associadas ao uso destas substâncias
Um estudo científico detectou mais de 3.500 variações genéticas que potencialmente afetam o ato de fumar e beber. A pesquisa foi publicada na revista Nature e envolveu quase 3,4 milhões de pessoas. Os participantes analisados são de ascendência africana, americana, oriental e europeia.
Os cientistas lembram que estes comportamentos são influenciados por causas ambientais e sociais, mas há evidências de que a genética pode acarretar o consumo destas substâncias. O trabalho comparou os genomas dos envolvidos com seus hábitos de fumar e consumo de álcool.
Eles identificaram 3.823 variantes genéticas associadas ao tabagismo e consumo de álcool. Resultados mostram que mesmo vivendo em um ambiente semelhante, usuários com maior predisposição genética fumam mais.
O álcool, por exemplo, está ligado a um gene chamado ECE2, que atua no processamento da "neurotensina", molécula que regula a "dopamina", o neurotransmissor envolvido no sistema de recompensa e que pode causar dependência.
Maior estudo no assunto
A pesquisa é considerada a maior já realizada no tema. Em entrevista à Nature, o geneticista Dajiang Liu compartilhou que, atualmente, as descobertas genéticas estão sendo efetivas em aplicações clínicas.
“Se pudermos prever o risco de alguém desenvolver dependência de nicotina ou álcool usando essas informações, podemos intervir precocemente e potencialmente prevenir muitas mortes", defendeu o estudioso.
Liu e seus colegas construíram um modelo que incorporou os dados genômicos de 3.383.199 pessoas, 21% das quais tinham ascendência não europeia. Os autores alertam da importância de ampliar as amostras estudadas, incluindo outras populações como a do Oriente Médio e da Índia.
“Em fases futuras do estudo, receberemos colaborações de outros investigadores que tenham acesso a conjuntos de dados adicionais para expandir ainda mais nossos estudos”, explicou Liu.